Identificados os primeiros anticorpos humanos que podem neutralizar diferentes tipos do vírus responsável pelos surtos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars).
Os cientistas utilizaram um modelo animal (camundongos) e ensaios in vitro para testar a atividade neutralizante dos anticorpos.
Os surtos de Sars ocorreram em humanos entre 2002 e 2003 e, novamente, entre 2003 e 2004. Estima-se que cada um dos surtos tenha ocorrido quando o vírus passou de um animal hospedeiro para humanos. Com isso, tipos do vírus presentes em animais poderiam ser capazes de desencadear um futuro surto em humanos.
A equipe foi liderada por cientistas do Instituto Nacional do Câncer (NCI) e do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas (Niaid), ambos ligados aos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos. O trabalho teve colaboração do Exército norte-americano e de instituições acadêmicas da Suíça e Austrália.
“O que precisamos provar para a obtenção de qualquer vacina, terapia, anticorpo ou droga é se ela é efetiva não apenas contra o tipo de vírus isolado de pessoas, mas também contra uma variedade de tipos animais, uma vez que os animais serão uma provável fonte de reemergência da Sars”.
A pesquisa sobre a glicoproteína que é o vetor do vírus (isto é, que permite sua entrada na célula) disponibilizou o conhecimento necessário para identificar vários anticorpos humanos contra o vírus da Sars.
Dimitrov e equipe identificaram dois anticorpos que se ligam à região do vetor do vírus conhecida como RBD. Um dos anticorpos foi encontrado no sangue de um paciente que havia se recuperado da Sars após infecção. O outro foi retirado de uma biblioteca de anticorpos humanos desenvolvida pelos pesquisadores com o sangue de dez voluntários saudáveis.
Como os humanos já têm células imunes que expressam anticorpos muito próximos àqueles que podem de fato neutralizar o vírus da Sars, o segundo anticorpo pôde ser retirado de voluntários saudáveis.
A estrutura do anticorpo foi determinada e os pesquisadores demonstraram que o anticorpo se liga à RBD, que permite a entrada do vírus nas células. Nos testes laboratoriais, ambos os anticorpos neutralizaram potencialmente amostras do vírus.
Os cientistas testaram em seguida os anticorpos em ratos. Vinte e quatro horas depois de receber injeções com um dos dois anticorpos, os animais foram expostos a amostras do vírus da Sars de um dos dois surtos, ou dos vírus isolados a partir dos gatos selvagens.
Os ratos que receberam os dois anticorpos ficaram completamente protegidos da infecção por Sars de humanos. Ficaram também protegidos contra a infecção de Sars dos gatos selvagens, mas não completamente.
Análises posteriores da estrutura do anticorpo encontrado em humanos saudáveis e de suas interações com mutações experimentais na área RBD do vírus sugeriram que o anticorpo poderia neutralizar todas as formas conhecidas do vírus.
“Essa pesquisa nos deixa mais bem preparados para a possível reemergência de vírus semelhantes aos que causaram mais de 8 mil casos de Sars em humanos e cerca de 800 mortes entre 2002 e 2003”, disse o diretor do Niaid, Anthony Fauci.
Fonte: Biomol.net
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