domingo, 30 de setembro de 2007

Alimente seu sistema imune


Consumir zinco é uma maneira eficaz de fortalecer as defesas e diminuir o risco de várias doenças

Imagine uma batalha na qual os soldados enfrentam o inimigo com escudo esburacado. Munidos tão precariamente fica difícil partir para o ataque e, ainda por cima, vencer a guerra. Cena parecida pode acontecer em seu organismo se você não estiver com as doses de zinco em dia. “Quando falta o mineral, as células de defesa têm sua função prejudicada”, diz a alergologista Ana Paula Moschione, da Sociedade Brasileira de Alergia e Imunopatologia. Daí, abrem-se brechas para a entrada de verdadeiros aproveitadores da situação — vírus, por exemplo.

De família ilustre, o zinco integra o clã dos sais minerais e é parente dos famosos cálcio e ferro.
Apesar de menos conhecido, não é menos importante. Aliás, pelo contrário. “O zinco atua em cerca de 300 reações essenciais para a saúde”, conta a nutricionista Sílvia Cozzolino, da Universidade de São Paulo (USP). Não há dúvida, porém, de que um de seus mais nobres papéis é mesmo o de participar da maturação dos linfócitos (veja no infográfico ao lado). Entre outras coisas, esse grupo de células do sistema imunológico é capaz de derrotar microorganismos e barrar encrencas como gripes e resfriados.

E A VITAMINA C?

A maioria dos médicos concorda: ela é de fato uma ótima protetora do organismo. Grande parte do mérito vem de seu efeito antioxidante. “A atividade do sistema imune libera uma imensa quantidade de radicais livres”, conta o cardiologista Ronaldo Leão Abud, da Sociedade Brasileira de Medicina Ortomolecular. “Esses radicais podem deteriorar as próprias células do sistema imune”, continua. A vitamina C, portanto, ajuda bastante ao não deixar que essas moléculas prejudiquem o batalhão de defensores.

TURMA DE OPORTUNISTAS

Ela é liderada pelos vírus, microorganismos incapazes de se multiplicar sozinhos que se aproveitam de qualquer fragilidade do corpo para dominar suas células e, ali, se reproduzir. Aí, causam indisposição, tosse, diarréia, espirros, dores... As viroses que mais perturbam quando o clima esfria são a gripe e o resfriado. A primeira é causada pelo vírus infl uenza, que, transportado pelo sangue, viaja por todo o corpo. Nos olhos causa ardência. Nos músculos, aquela sensação de quebradeira da cabeça aos pés. O nariz se entope, a febre é alta, a garganta dói — e oportunistas ainda piores, como as bactérias da pneumonia, podem se aproveitar da crise. Já o resfriado provoca um mal-estar mais brando e pode ter diversos tipos de vírus envolvidos — em geral os rinovírus, os coronavírus e os adenovírus são os principais culpados.

Fim do fumo passivo evita ataque cardíaco


A proibição de fumar em lugares públicos no estado de Nova York pode ter evitado cerca de 4.000 ataques cardíacos em quem sofre como fumante passivo, afirma um novo estudo americano.

Na pesquisa, publicada na revista médica "American Journal of Public Health", o Departamento de Estado da Saúde examinou cerca de 500 mil entradas no hospital relacionadas ao chamado infarto agudo do miocárdio, ou ataque cardíaco. Os pesquisadores concluíram que as entradas em hospitais por esse motivo caíram mais de 8% em 2004 em relação ao que seriam os níveis esperados para aquele ano. Isso equivaleria a 3.813 casos, afirmam eles.

A proibição do fumo em locais públicos no estado de Nova York, que entrou em vigor em 2003, "é uma intervenção de saúde pública que não custa praticamente nada, então conseguir esse tipo de resultado de uma intervenção barata não tem paralelos", diz Ursula Bauer, diretora do programa de controle do tabaco do Departamento de Saúde e co-autora do estudo.

A pesquisa foi mais abrangente do que estudos similares, os quais só cobriam alguns hospitais em alguns municípios do estado americano. A análise envolveu dez anos de dados, de 1994 a 2004, cobrindo todos os municípios de Nova York e mais de 250 hospitais. Os pesquisadores decidiram concentrar sua análise no ano posterior à aprovação da Lei de Ambientes Internos Limpos (que entrou em vigor em julho de 2003). A proibição de fumar vale para bares, restaurantes e alguns outros locais públicos.

Usando um modelo estatístico que incorpora os dez anos de dados, os pesquisadores identificaram fatores associados com ataques cardíacos: eles são mais comuns no inverno; municípios diferentes têm taxas diferentes do problema; o número de ataques cardíacos está caindo por causa da melhora do atendimento médico; e, o que é mais importante, os governos locais estão se opondo ao fumo desde 1995. Assim, se os pesquisadores subtraírem esses fatores que afetam as taxas de ataque cardíaco, o que sobra é provavelmente o efeito da proibição de 2003, diz Harlan Juster, diretor de vigilância, avaliação e pesquisa do tabaco do Departamento de Saúde e co-autor do estudo.

Fonte: G1

Muitos profissionais de saúde apresentam dificuldades na identificação de doenças mentais

A deficiência mental ainda afeta cerca de 1,6% da população brasileira. Para diminuir o número de casos ou pelo menos reduzir as conseqüências, é necessário um diagnóstico rápido por parte dos profissionais de saúde para que a terapia possa ser imediatamente iniciada. Apesar do papel fundamental dos médicos e enfermeiros nesse contexto, muitos demonstram ter dificuldades para identificar o problema. Isso é o que mostram pesquisadores da Universidade Estadual de Maringá e da Universidade Estadual de Campinas em um estudo realizado, entre agosto e dezembro de 2003, com 90 médicos e 66 enfermeiros que atuam nas Unidades Básicas de Saúde de Maringá (PR).

De acordo com artigo publicado na edição de março de 2006 dos Cadernos de Saúde Pública, “o objetivo da pesquisa foi traçar o perfil do atendimento preventivo em deficiência mental na rede básica de saúde de Maringá, além de apresentar e discutir dados parciais relacionados à percepção e ao conhecimento de profissionais de saúde sobre o tema”. Nesse sentido, todos os participantes foram submetidos a um questionário com questões de múltipla escolha.

Os pesquisadores verificaram que 75% dos profissionais de saúde não foram capazes de assinalar a alternativa correta sobre a prevalência da deficiência mental e somente 11% responderam corretamente sobre a contribuição do genoma para a etiologia dessa condição. Eles observaram também que para 2% dos participantes a deficiência mental não pode ser evitada, e 37% responderam não saber se existe prevenção, desconhecimento esse refletido na porcentagem considerável de médicos e enfermeiros que responderam não saber se os testes para fenilcetonúria e hipotireoidismo estão incluídos no Programa Nacional de Triagem Neonatal, apesar de ambos fazerem parte oficialmente da triagem desde 1992.

Um número relativamente elevado de profissionais, segundo o texto, referiu insegurança para orientar sobre os efeitos teratogênicos (relacionados ao aparecimento de malformações) de drogas e doenças de prevalência elevada, como o álcool e o diabetes mellitus, e a maioria também se sente insegura para orientar sobre as indicações e os riscos das técnicas de diagnóstico pré-natal. “Não foi objetivo da pesquisa a avaliação aprofundada do conhecimento dos profissionais de saúde; porém, os dados obtidos demonstram que os participantes têm baixa percepção da relevância da deficiência mental para a morbidade da população e necessitam de maiores informações sobre os aspectos genéticos e ambientais relacionados a tal condição”, afirmam os especialistas no artigo.

Fonte: Unisite

domingo, 16 de setembro de 2007

O que é a síndrome do intestino irritável?


Neste Artigo:

- Qual a causa da doença?
- Quais são os sintomas?
- Como é feito o diagnóstico?

A síndrome do intestino irritável é um distúrbio intestinal funcional bastante comum, caracterizada por desconforto abdominal recorrente e função intestinal anormal. O desconforto freqüentemente se inicia após a alimentação e desaparece após a evacuação. Os sintomas podem incluir cólicas, náuseas, distensão abdominal, gases, constipação, diarréia e uma sensação de evacuação incompleta. Pode estar associado a graus variados de depressão ou ansiedade.

Estudos demonstram que cerca de 20% das pessoas apresentam a síndrome em algum momento de sua vida, predominando entre as mulheres, principalmente jovens.

Já foi conhecida como indigestão, diarréia nervosa, colite espástica, colite nervosa e neurose intestinal. Não existem anormalidades estruturais como infecção ou úlceras, por isso é chamada de funcional, e não evolui para qualquer tipo de doença orgânica ao longo da vida.

Qual a causa da doença?

A causa da síndrome do Intestino Irritável (SII) não é bem conhecida e, portanto, não se sabe como, a partir de um certo momento, uma pessoa passa a apresentar os sintomas.

Acredita-se que alterações nos movimentos que propagam o alimento desde a boca até o ânus (motilidade intestinal) e nos estímulos elétricos, responsáveis por esse movimento intestinal, estejam envolvidos.

Já se observou, também, que indivíduos com a síndrome têm uma menor tolerância à dor proveniente da distensão intestinal, ou seja, menores quantidades de gás ou fezes dentro do intestino são capazes de gerar uma sensação, interpretada como dor, enquanto que indivíduos sem a síndrome provavelmente não seriam perturbados por tais estímulos.

A participação de um componente hormonal é sugerida, já que se observa piora dos sintomas durante o período menstrual.

Alterações psicológicas como depressão e ansiedade são mais freqüentes em pessoas com síndrome do intestino irritável que procuram atendimento médico. É possível que essas pessoas percebam e reajam de maneira mais intensa a estímulos menores. O estresse não causa a síndrome do intestino irritável, mas pode desencadear os sintomas.

Quais são os sintomas?

Períodos sintomáticos podem se alternar com períodos assintomáticos de até vários anos, mas que, por fim, tendem a recorrer.

A dor geralmente é do tipo cólica, intermitente e mais localizada na porção inferior do abdome. Costuma aliviar com a evacuação e piorar com estresse ou nas primeiras horas após as refeições e, dificilmente, faz com que o paciente acorde à noite.

Os indivíduos com síndrome do intestino irritável, com predomínio de diarréia, apresentam mais de três evacuações/dia, fezes líquidas e/ou pastosas e necessidade urgente de defecar. As evacuações não costumam ocorrer à noite, durante o sono, ao contrário das diarréias de causa orgânica. Não há sangue nas fezes (com exceção dos casos de fissura ou hemorróidas), mas pode haver muco (como se fosse "catarro").

Já os pacientes com predomínio de constipação (intestino preso), evacuam menos de três vezes/semana, as fezes são duras e fragmentadas (fezes em "cíbalos" ou "caprinas"), e realizam esforço excessivo para evacuar. A constipação pode durar dias ou semanas e obrigar o paciente a fazer uso de laxantes em quantidades cada vez maiores, o que a agrava ainda mais a doença. Dor abdominal acompanha a gravidade da constipação e tende a aliviar com eliminação de fezes, porém é freqüente a queixa de uma sensação de evacuação incompleta, o que obriga o paciente a tentar evacuar repetidas vezes.

A maioria dos pacientes queixa-se de distensão abdominal, eructações e flatulência freqüentes e abundantes. São sintomas inespecíficos e são atribuídos ao excesso de gás intestinal. Entretanto, estudos quantitativos do volume gasoso intestinal nesses pacientes revelam que a maior parte deles tem volumes normais de gás. Porém, mínimas distensões intestinais provocadas geram esses sintomas, sugerindo uma menor tolerância à distensão intestinal.

Queimação, náuseas, vômitos são relatados por até 50% das pessoas com síndrome do intestino irritável.

Como é feito o diagnóstico?

Deve-se sempre procurar atendimento médico, sendo a grande preocupação afastar-se alguma doença orgânica. Naturalmente, a necessidade ou a quantidade de exames complementares a ser solicitado dependerá da experiência do médico e de fatores ligados ao paciente (p. ex., intensidade e característica dos sintomas, idade, comprometimento do estado geral etc.).

Início dos sintomas após a 4ª década de vida, sintomas com curso progressivo e aparecimento de novos sintomas com o passar do tempo, dor que acorda o paciente, sangramento vivo retal, excluindo-se patologia dessa região (ex., hemorróidas) e emagrecimento falam contra a síndrome do intestino irritável, e os pacientes, na presença desses sintomas, devem ser investigados com maior atenção.

Não existe um exame específico que faça o diagnóstico da doença, porém, os exames que o médico solicita, são úteis para excluir outras doenças, que podem causar os mesmos sintomas que a síndrome do intestino irritável.

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Cirurgia para emagrecer pode enfraquecer os ossos

A obesidade é uma condição cada vez mais comum na população geral. Pode ser definida como uma relação do peso dividido pela altura ao quadrado, denominada índice de massa corporal (IMC), superior a 30 Kg/m2. O excesso de peso corporal comporta-se como fator de risco para várias enfermidades, com destaque para doenças do coração, osteoarticulares e alguns cânceres.

Uma das formas de tratamento para a obesidade mórbida são as cirurgias, que alteram a dinâmica de funcionamento do trato digestório, denominadas cirurgias bariátricas. Caso a obesidade continue a crescer nas diversas camadas populacionais é provável que o número de cirurgias para emagrecer também se eleve, conforme assinalou um grupo de pesquisadores em um estudo publicado na revista Current Opinion in Orthopedics, em Setembro de 2007.

Os autores esclarecem que algumas modalidades de cirurgia bariátrica produzem a exclusão de parte das vísceras do trato gastrintestinal, responsáveis pela absorção dos nutrientes ingeridos pela dieta. Isto pode conduzir a deficiências de cálcio e vitamina D, culminando em alterações do metabolismo dos ossos. Uma revisão das pesquisas, que abordam o assunto, demonstrou que a cirurgia para emagrecer implica em maior risco de surgimento de quadros de déficit corporal de vitamina D, hiperparatireoidismo secundário, redução do cálcio no sangue e ossos, aumento da desmineralização óssea e perda de massa óssea. Estas condições resultam em doenças dos ossos, como a osteoporose, além de elevarem a chance de fraturas.

A cirurgia bariátrica, sem um acompanhamento nutricional adequado, pode levar a uma menor absorção de nutrientes, contribuindo para um enfraquecimento dos ossos.

Fonte: Current Opinion in Orthopedics 2007

Idosos sofrem mais com o calor

O período de verão é caracterizado pela elevação da temperatura, na maioria das regiões brasileiras. De uma forma aguda, o calor favorece a ocorrência de episódios de desidratação e outros distúrbios no organismo, os quais afetam mais os idosos e as crianças.

Um estudo italiano, conduzido por um pesquisador da University of Padova, e publicado na revista BMC Public Health, em Agosto de 2007, revela que durante as estações de calor há um aumento da internação hospitalar dos idosos. As causas da hospitalização estão intimamente associadas aos efeitos nocivos do calor sobre o corpo, com destaque para a desidratação, hipertermia e falência renal súbita.

Os dias em que a umidade do ar se encontra mais elevada são aqueles em que se registram maior número de idosos admitidos em hospitais. Quando a onda de calor apresenta duração superior a 4 dias, observa-se um aumento da ocorrência de distúrbios respiratórios em 50%, bem como dobra o número de idosos que são encaminhados às unidades de saúde, com enfermidades relacionadas às altas temperaturas.

Durante o verão a população senil deve observar cuidados como hidratação freqüente, uso de roupas leves, procurar ambientes com ar condicionado e evitar a prática de exercícios extenuantes.

Fonte: BMC Public Health 2007

Asma materna pode provocar parto prematuro


A prematuridade (nascimento antes de completada a 38ª semana de gestação) é um tema polêmico e em constante discussão nos dias de hoje. Cada vez mais se observa o nascimento de crianças prematuras, estando envolvidos nesta situação inúmeros fatores, tais como o aumento do tabagismo entre as mulheres, a inseminação artificial, na qual muitas vezes ocorre a gestação de mais de uma criança, infecções durante a gravidez, além, é claro, da melhoria das condições técnicas para a realização desses partos e a sobrevivência de seus frutos.

Sabe-se que quando uma mulher apresenta uma doença crônica, como por exemplo o diabetes, a chance de que sobrevenha um parto pré-termo encontra-se bem aumentada. Entretanto, poucos estudos observaram os efeitos das doenças respiratórias agudas e crônicas sobre a gravidez. Interessados sobre o tema, pesquisadores americanos do UMDNJ – Robert Wood Johnson Medical Scholl analisaram gestantes com essas características. A publicação de seus resultados encontra-se no Journal of Experimental Social Psychology, de setembro deste ano.

Doenças respiratórias agudas das vias áreas superiores, assim como a pneumonia e bronquite aguda foram analisadas e comparadas com distúrbios crônicos, como a asma e a bronquite crônica, em grávidas. O principal objetivo era descobrir se a ocorrência dessas enfermidades poderia aumentar o risco de romper a bolsa prematuramente (bolsa formada por membranas que envolvem a criança no útero).

Os resultados são preocupantes. A taxa de incidência de ruptura precoce das membranas é de 5%, quando a gestante apresenta alguma doença respiratória, sendo praticamente 4 vezes maior para aquelas com uma enfermidade crônica, comparada às com doença aguda. A asma, por exemplo, demonstrou-se significativamente associada a esse quadro, levando a partos prematuros, especialmente entre as gestantes da raça negra. Curiosamente, a bronquite crônica apresentou uma redução dos riscos de parto pré-termo, tanto em mulheres da raça branca quanto negra – um fato que ainda requer mais estudos.

Para os autores, a pesquisa deixou evidente a relação entre as doenças respiratórias e o desenvolvimento de ruptura precoce da bolsa. Além disso, esses pesquisadores acreditam que a identificação do quadro respiratório, e o seu tratamento adequado, podem trazer benefícios importantes para a gestante e seu filho, sendo capazes de diminuir a incidência de complicações associadas à ruptura precoce das membranas.

Fonte: Journal of Experimental Social Psychology, September 2007; early online edition. News release, University of North Carolina at Chapel Hill.

sábado, 1 de setembro de 2007

Suor: saiba como funciona o ar-condicionado humano.

Abigail Zuger

Como a linha de chegada de uma longa corrida, a plataforma da estação Times Square do metrô, certa tarde quente de verão em Nova York, servia como estudo sobre as condições de umidade humana, de encharcada (uma mulher corpulenta usando shorts e um top sumário, manchado de suor, que agitava uma revista abanando seu rosto ruborizado) a quase seca (um homem idoso, vestido em terno e gravata e lendo calmamente o seu jornal). Quem poderia acreditar que todas as vítimas dispõem do mesmo modelo de condicionador pessoal de ar, operando a plena intensidade?

O suor é o nosso sistema interno de refrigeração, parte de uma máquina biológica peculiarmente humana. Esperas longas em plataformas tórridas podem inspirar reflexões sombrias sobre como essa máquina poderá continuar funcionando à medida que o planeta se aquece. Mas os especialistas recomendam otimismo. O sistema é resistente, ajustável e pode até ser reproduzido por engenheiros que estão trabalhando hoje para propiciar um futuro mais confortável aos nossos corpos suarentos.

Os seres humanos operam em uma pequena faixa de temperaturas internas preferenciais. Somos capazes de tolerar excessos de frio, e o corpo humano já se mostrou perfeitamente capaz de longos períodos de hipotermia, nos quais o organismo registra temperaturas até nove graus abaixo do normal. Mas nossa tolerância ao superaquecimento, ainda que breve, é muito baixa.
O cérebro começa a funcionar mal se a febre eleva nossa temperatura em 3ºC ou 4ºC, e uma temperatura interna de 44ºC, apenas sete acima do normal, é muitas vezes mencionada como limite máximo para a preservação da vida. Assim, um bom condicionador de ar interno se torna essencial, tanto para dissipar o calor gerado pelo metabolismo do corpo quanto para aliviar o calor absorvido em verões miseravelmente quentes.

"É o velho e nada charmoso suor que fez dos seres humanos o que somos hoje", escreveu a antropóloga da evolução Nina Jablonski em seu recente livro Skin pele. "Sem uma abundância de glândulas sudoríparas para nos manter frios com suor copioso, continuaríamos ostentando as pelagens espessas de nossos ancestrais e viveríamos vidas bastante semelhantes às dos primatas".

O pêlo inibe o suor, que por sua vez induz refrigeração, e os animais peludos em geral dispõem de outros métodos de redução de temperatura.Nos seres humanos, argumenta Jablonski, as glândulas sudoríparas evoluíram com a desaparição dos pêlos do corpo, permitindo refrigeração otimizada do cérebro expandido dos hominídeos e um estilo de vida ativo mesmo sob o sol escaldante.

Para atividades sedentárias realizadas em climas temperados, as pessoas não precisam de suor. O excesso de calor gerado pelo metabolismo é dissipado facilmente dos vasos sangüíneos superficiais da epiderme para o ar que nos cerca. Porque a pele não é completamente impermeável, certa dose de evaporação de água das células da epiderme também ajuda na refrigeração.

Mas quando o proprietário do corpo decide se exercitar, os músculos geram calor demais para o que o ar absorva. A mesma coisa acontece quando a temperatura sobe para além dos 33ºC: a pele deixa de perder calor em contato com o ar, e passa em lugar disso a absorver o aquecimento. É nesse momento que os nervos sensores de temperatura, na pele e nos órgãos internos do corpo, informam ao cérebro que chegou a hora de deflagrar um fluxo de suor para conduzir uma forma mais pesada de evaporação e refrigeração.

A umidade reduz a evaporação e torna todos mais suarentos. A presença de vento reforça a evaporação e refrigera a pele (a menos que o ar esteja tão quente que o corpo em lugar disso absorva seu calor). A desidratação reduz consideravelmente a produção de suor. Queimaduras de sol têm o mesmo efeito.

No entanto, os padrões individuais de transpiração variam enormemente. Idade, sexo, genes, peso e forma influenciam quanto a isso, disse Craig Crandall, especialista em termo-regulação no Centro Médico da Universidade do Sudoeste do Texas e do Hospital Presbiteriano, ambos em Dallas. E as atividades que não podem ser classificadas como exercícios físicos também exercem influência, bem como, de acordo com estudos essenciais conduzidos durante a Segunda Guerra Mundial, as roupas, ainda que não da forma que se poderia prever.

Algumas pessoas dispõem de menos de dois milhões de glândulas sudoríparas, e outras têm até quatro milhões. As pessoas que suam mais podem ter glândulas de tamanho até cinco vezes superior à média; suas glândulas avantajadas são mais sensíveis a estímulos nervosos, e assim produzem mais suor.

A temperatura interna de cada pessoa gira em torno de uma versão ligeiramente diferenciada do ponto médio de 36,5ºC estabelecido pelo hipotálamo, a região do cérebro que serve como termostato. De manhã, nossa temperatura é um pouco mais baixa, e de tarde ela aumenta um pouco. As mulheres registram aumento de temperatura de cerca de meio grau depois da ovulação. Com a menopausa, o termostato feminino é famoso por sua tendência a oscilar, imaginando calor excessivo em situações nas quais ele não existe, e assim gerando suor desnecessário.

Os homens podem apresentar mais estabilidade térmica, mas os dois sexos suam menos a partir dos 60 anos. Já quanto à obesidade, é um problema complexo, segundo Crandall. A gordura pode proteger o interior do corpo contra temperaturas externas altas mas também comprometer a transferência de calor para o ambiente.

No geral, os dois fatores influenciam pouco o nível de suor. As maiores diferenças podem surgir de atividades que não parecem exercícios, tais como caminhar ou sofrer raiva ou frustração. A pessoa mais suada daquela plataforma de metrô, disse Crandall, provavelmente é aquela que correu para apanhar um trem e o perdeu.

Quanto às roupas, menos nem sempre é melhor. Nos estudos realizados na Segunda Guerra, soldados ficaram sentados ao sol no deserto da Califórnia, alguns usando uniformes convencionais, outros uniformes de verão e o terceiro grupo "quase nu". Os soldados sem roupa suaram cerca de 30% a mais que seus colegas - o que indica quanto calor vindo do ambiente suas peles absorviam.

E por isso, o guerreiro urbano médio deveria saber que esperar o metrô em trajes menores, nas plataformas quentes, pode ser contraproducente, e o mesmo vale para uso intensivo de leques e de gestos de irritação caso o trem se atrase.

Fonte: The New York Times

Maior instrução amplia chances de sobreviver a câncer, diz estudo


Claudia Varejão Wallin

Pessoas com níveis de instrução mais altos têm maiores chances de sobreviver a diferentes tipos de câncer, segundo estudo divulgado hoje por cientistas suecos.

Mais de três milhões de homens e mulheres participaram da pesquisa, conduzida entre 1990 e 2004 pelo Instituto Karolinska, uma das mais respeitadas instituições de pesquisa médica da Europa. O estudo mostrou que o índice de sobrevivência a 20 diferentes formas de câncer foi 40% maior para os pacientes com nível universitário ou outro grau de educação elevado, em comparação com aqueles de menor nível de instrução. As modalidades da doença pesquisadas incluíram câncer de pulmão, intestino e mama, além do melanoma (um tipo de câncer de pele).

Nos casos de câncer de mama, a pesquisa indicou que pacientes com melhor nível de educação registraram um índice de sobrevivência 32% maior.

Uma explicação para a diferença nas chances de sobrevivência, de acordo com os cientistas suecos, é que pessoas mais instruídas vão com maior freqüência ao médico, o que possibilita o diagnóstico do câncer nos estágios iniciais da doença.

Outro fator decisivo, segundo os cientistas, é que pacientes mais instruídos tambem tendem a seguir com maior rigor as orientações médicas e as diferentes etapas do tratamento do câncer.

Os cientistas suecos usaram o registro nacional dos casos de câncer no país para acompanhar a evolução da doença nos pacientes. O cientista responsável pela pesquisa no Instituto Karolinska, Jan Sundquist, destacou que este foi o maior estudo já realizado até agora para determinar as associações entre o grau de instrução dos pacientes, a incidência de câncer e as taxas de sobrevivência à doença.

Uma segunda pesquisa dentro do mesmo estudo analisou a conexão entre o grau de instrução de mulheres e o risco de contrair câncer de mama. Os cientistas acompanharam mais de um milhão e meio de mulheres suecas. Após examinar fatores como idade e histórico familiar de câncer, o estudo concluiu que mulheres com grau universitário têm chances 44% maiores de detectar o câncer de mama em estágio inicial, em comparação com mulheres que tiveram nove ou menos anos de instrução escolar. Na Suécia, 50 mil novos casos de câncer são diagnosticados a cada ano.

Deste total, cerca de sete mil são diagnósticos como câncer de mama. Todas as mulheres suecas com idades entre 50 e 69 anos são chamadas a realizar mamografia anualmente nos hospitais do sistema de Previdência sueco.

Os cientistas alertam que a realização de exames regulares, com o objetivo de detectar a doença nos estágios iniciais, é essencial para aumentar as chances de sobrevivência ao câncer.

Fonte: BBC Brasil