domingo, 27 de maio de 2007

INCA divulga pesquisa de opinião dos brasileiros sobre o câncer

Grande parte da população de sete capitais brasileiras não considera que alimentação inadequada, falta de atividades físicas e relações sexuais sem uso de preservativos pode causar câncer. Ao mesmo tempo, a população reconhece que o fumo, o consumo de bebidas alcoólicas e o excesso de exposição ao sol estão associados ao câncer. Esses são os resultados preliminares da pesquisa de opinião Concepção dos Brasileiros sobre o Câncer, realizada pelo Instituto Nacional de Câncer, INCA, e divulgada hoje (25/05) pelo diretor-geral, Luiz Antonio Santini, na cerimônia de comemoração dos 70 anos da instituição.

A pesquisa verificou a concepção dos brasileiros sobre hábitos saudáveis, prevenção e tratamento do câncer. O objetivo do trabalho é orientar as ações de comunicação em saúde do governo. Os dados mostram que a população está bem informada sobre fatores de risco para o câncer como o fumo. Em Florianópolis, Porto Alegre, João Pessoa e Goiânia, 100% dos entrevistados consideram que o fumo pode causar câncer. Esse índice é de 98,5% no Rio de Janeiro, 97% em São Paulo e 96,2% em Belo Horizonte. Noventa por cento dos casos de câncer de pulmão estão relacionados ao tabagismo.

A população também reconhece os malefícios do consumo de bebidas alcoólicas. Na cidade do Rio de Janeiro, 90,9% associam o consumo ao câncer. Porto Alegre é a cidade onde esse reconhecimento é menor: 66,7% dos entrevistados acreditam que o consumo excessivo de bebidas alcoólicas possa causar câncer, contra 33,3%. Também é alto o grau de informação sobre a relação entre câncer e a exposição excessiva ao sol. Em Porto Alegre e João Pessoa o índice chega a 100%. A menor associação foi em Goiânia, onde 90% dos entrevistados consideram que o excesso de sol pode causar câncer, contra 10% que não acreditam. O câncer de pele é o tipo mais incidente no mundo. No Brasil, são registrados anualmente 122.400 casos novos.

Para outros fatores de risco, como alimentação inadequada, falta de atividades físicas e relações sexuais sem uso de preservativos, a associação com o câncer é menor. Na cidade de São Paulo, 32,2% dos entrevistados não consideram que a alimentação inadequada possa causar câncer. Em relação à falta de atividade física, Goiânia foi a cidade que apresentou dados mais expressivos: 60% das pessoas ouvidas não acreditam que a falta de atividade física possa vir a causar câncer.

Apesar do câncer do colo do útero estar relacionado à infecção pelo vírus HPV, que é transmitido pela relação sexual, 53,8% dos entrevistados em Belo Horizonte não consideram que deixar de usar preservativo possa causar câncer. O câncer do colo do útero é o segundo mais incidente entre as mulheres brasileiras, com mais de 19.000 casos novos por ano.

Estigma da doença

A pesquisa confirmou que o estigma da doença permanece. Ao responder a pergunta Quando você pensa em câncer, qual é a palavra que vem a sua cabeça?, a maioria dos entrevistados usou termos que remetem à morte e a emoções negativas, como tristeza, dor, medo e maldição. Em Goiânia, 50% das respostas definiam o câncer como morte e doença sem cura, percentual que chegou a 43% na cidade de São Paulo. Em Porto Alegre, 53,3% dos entrevistados citaram emoções negativas, como sofrimento, perda e desespero. No Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, também foi alto o percentual de entrevistados que citou palavras como pavor, amargura e desgraça 48,5% e 48,2%, respectivamente.

"É preciso enfrentar o estigma da doença", afirma o diretor-geral do INCA, Luiz Antonio Santini. Para ele, as ferramentas de comunicação social são fortes aliadas nesse processo. A população precisa saber que o tratamento da doença evoluiu ao longo desses 70 anos. A doença não é mais sinônimo de morte, diz Santini. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo menos um terço dos casos de câncer poderiam ser evitados com atitudes como deixar de fumar, realizar atividades físicas, alimentar-se de forma adequada e evitar o consumo excessivo de bebidas alcoólicas.

Metodologia

A pesquisa de opinião pública Concepção dos Brasileiros sobre o Câncer foi realizada durante o mês de maio, período em que foram entrevistadas 2.100 pessoas com 16 anos de idade ou mais. A amostra foi determinada pelo método PPT (Probabilidade Proporcional ao Tamanho), seguindo as informações censitárias, de acordo com as variáveis sexo, idade e grau de escolaridade. Os questionários foram elaborados sob a orientação da Divisão de Comunicação Social do INCA e a pesquisa executada pela Microbank.

Veja a Situação do Câncer no Brasil

Confira os resultados da pesquisa

Tabelas da pesquisa

Fonte: http://www.saude.gov.br



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