segunda-feira, 7 de maio de 2007

A enfermagem na Luta pela Preservação das Terapias Naturais

Dra. Maria da Graça Piva,

Enfermeira (UNISINOS)
Especialista em Saúde do Adulto (UFRGS)
Especialista em Saúde Pública (FIOCRUZ)
Doutora em Biologia e Meio Ambiente (Leon, Espanha)

Com o título “Os riscos das terapias alternativas” a edição número 1.749 da revista Veja, de 1º de maio de 2002, realizou matéria polêmica sobre o assunto, após entrevistar diversos médicos que trabalham com as práticas.

Desde a data da publicação, a NURSING tem recebido muitas correspondências, fax e e-mails de profissionais da enfermagem que ficaram indignados com o contéudo da reportagem.

Atendendo à solicitação dos leitores, a revista ouviu a opinião da enfermeira Maria da Graça Piva, presidente da Sociedade Brasileira de Terapias Naturais na Enfermagem – SOBRATEN, que ressaltou lamentar o fato de a Veja ter se embasado somente na opinião médica para formular a matéria, sendo que, segundo ela, quase todos os profissionais da saúde ( em torno de 14 profissões ) atuam com terapias naturais. “ Se tivessem observado a participação desses diferentes terapeutas, com certeza, a coleta de informações seria muito mais completa e abrangente”, completa Piva.

Os médicos que recriminam as práticas alternativas também lutam por elas. A homeopatia, por exemplo, foi implantada no Brasil como terapêutica de saúde pela medicina e até hoje, é bastante difundida e reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina. A acupuntira, considerada uma prática milenar, também faz parte de uma luta judicial da classe, que busca torná-la ato médico.

“A própria Organização Mundial da Saúde em sua carta de intenções de 1976 colocou como prioridade a investigação e valorização de práticas naturais, no sentido de resgatar e preservar a cultura e manutenção da saúde da população. Será que nós podemos negar o valor terapêutico da plantas medicinais, que têm princípios ativos que estruturam as drogas alopáticas e, ainda, discutir o quanto as terapias naturais são saudáveis?” , questiona a presidente da SOBRATEN.

De acordo com Piva, que discorda do termo “ alternativa “ dizendo que esse aspecto já foi discutido e aprovado por pessoas qualificadas em algum tipo de terapêutica natural, o enfoque dado à reportagem foi equivocado a necessidade de controle e fiscalização dos usuários das práticas, além de alertar a população dos cuidados que devem ser considerados ao procurar esse tipo de atendimento. “ Infelizmente, o número de pessoas não qualificadas e sem conhecimento sobre o tema que utilizam as técnicas, apenas com propósitos comerciais, é muito grande. Indivíduos mal intencionados e despreparados existem em todo e qualquer ramo da atividade humana”, complementa ela.

A Sociedade acredita que não adianta negar a existênciadas práticas, como fazem algumas categorias profissionais, uma vez que a origem das técnicas é milenar e elas são aceitas, culturalmente, com eficazes, benéficas e construtivas. “Muitas delas já têm estudos científicos que comprovam a eficácia e versatilidade e fazem parte da trajetória de visda das populações desde sempre”, explica a presidente.

Maria da Graça ressalta que os meios de comunicação têm obrigação de alertar a população dos riscos, principalmente no que diz respeito à saude. “ Como membro do Conselho Federal de Enfermagem – COFEN, posso afirmar que buscamos e lutamos pela qualidade do atendimento prestado pelo enfermeiro em todas as áreas e não seria diferente nas tão faladas e comentadas terapêuticas, reconhecidas através da resolução COFEN 197/97”, comenta.

O Conselho determina que para o enfermeiro desenvolver as práticas naturais junto à comunidade é preciso a realização de cursos de especialização, como pós graduação, com mínimo de 360 horas.

Para finalizar, a presidente da Sociedade, que também é doutora em Biologia de Sistema e Meio Ambiente, questiona: Quem já não utilizou um chá, por exemplo, na busca da manutenção ou recuperação de sua saúde?

Dra. Maria da Graça Piva

Fonte: http://www.bve.org.br

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