sábado, 6 de outubro de 2007

Pesquisadores estudam formas de deter a metástase


Os cientistas Robert Weinberg e Tony Hunter, pioneiros na descoberta e na classificação do oncogene (responsável pela transformação de uma célula normal em cancerosa), se reuniram 25 anos após suas primeiras descobertas, para trocarem novas experiências de tratamento e de possíveis formas de se evitar elementos de predisposição à metástase.

Weinberg, que descobriu uma mutação genética causadora de tumor, e Hunter, especialista no estudo de genes reguladores do crescimento celular, são dois dos especialistas reunidos hoje em Madri, no seminário "Oncogenes e Câncer Humano: os próximos 25 anos".

Durante o congresso, organizado pelo Centro Nacional de Pesquisas Oncológicas (CNIO), Weinberg explicou como algumas células-tronco extraídas da medula óssea dos pacientes propiciam o desenvolvimento e a metástase do câncer de mama.

A descoberta, publicada na ultima edição da revista científica "Nature", pode ajudar a detectar elementos de predisposição à metástase, que evitem a extensão da doença para outros órgãos, o que pode levar à morte.

Weinberg, fundador do Instituto de Whitehead para a Pesquisa Biomédica e professor de biologia do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), disse que existem algumas células-tronco alteradas que possuem uma estrutura ou um "programa" que as predestina a serem mais invasivas e a causarem mais metástases que outras.

Caso seja possível detectá-las e controlá-las, disse, será possível saber quando um tumor primário vai provocar metástases ou não, o que determinará seu acompanhamento, a gravidade do caso e o tratamento a ser aplicado.

Ele reconheceu ainda que esta descoberta é apenas um modelo experimental "in vitro" de câncer de mama, mas que todos devem ficar otimistas diante dos pequenos avanços.

Doutor pela Universidade de Cambridge, Hunter desenvolve atualmente sua pesquisa no laboratório de biologia molecular e celular do Salk Institute, na Califórnia.

Hunter explicou como suas descobertas foram determinantes para encontrar medicamentos contra o câncer, com os quais foi possível inclusive curar um tipo de leucemia que levava à morte em 90% dos casos.

O professor afirmou que as células-tronco, criadoras de vida e regeneradoras de tecidos, podem ficar "muito perigosas" caso sofram alterações, podendo até provocar tumores.

Por isto, ele afirmou que é importante usá-las de forma "segura" na pesquisa de como aplicá-las no tratamento de doenças neurológicas ou neurodegenerativas.Os dois cientistas concordaram na necessidade de encontrar células terapêuticas adequadas ao tratamento contra a metástase, mesmo que através de pequenos avanços, e lembraram que após 25 anos de pesquisa conseguiu-se, há apenas três anos, avançar no primeiro remédio molecular contra as mutações genéticas.

O professor Manel Esteller, diretor do Laboratório de Epigenética do Câncer do CNIO, apresentou outra visão sobre a questão e afirmou que a metástase não é apenas fruto de mutações genéticas, mas também de outros fatores externos, contra os quais é preciso lutar.

"Há mais coisas que se somam ao DNA, modificações químicas que adquirimos por viver em uma grande cidade, por termos uma dieta rica em gordura ou por fumar, entre outros elementos", concluiu.

Fonte: EFE

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