domingo, 17 de fevereiro de 2008

Tratamento contra Aids não atinge a todos e é tardio, diz Ministério da Saúde


De 2003 a 2006, 43,7% dos infectados chegaram ao SUS com deficiência grave.

Acesso tardio acontece com mais frequência em homens e com maior idade.

O Ministério da Saúde informou nesta quinta-feira (14), por meio de relatório de acompanhamento da Aids, que nem todos os portadores do vírus no Brasil buscam acesso ao tratamento médico e diz ainda que, entre aqueles que buscam, grande parte o faz de forma "tardia". O início tardio do tratamento dificulta a obtenção de sucesso no combate à doença.

O Ministério da Saúde informa também que o tratamento está disponível, mas admite que a realização dos testes anti-HIV, embora esteja crescendo como um todo, pode ser um pouco mais difícil em algumas regiões do país. "Há um esforço grande para facilitar o acesso aos testes", disse Mariângela Simão, diretora do Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde.

Números

Em 2006, o Ministério da Saúde estimou que 220 mil pacientes, acima de 15 anos de idade, estavam sendo acompanhados nos serviços públicos de saúde de todo o país, o equivalente a 36,67% da estimativa de 600 mil pessoas infectadas pelo HIV no Brasil (0,6% da população entre 15 e 49 anos). Os números estão no relatório "Ungass: resposta brasileira à epidemia de Aids 2005-2007".

Do universo de 220 mil pacientes em tratamento, segundo o governo, 187,2 mil (83,8%) estavam fazendo uso de medicamentos ARV [anti-retrovirais]. O número de novos pacientes acompanhados nos serviços de saúde, entre os anos de 2003 e 2006, apresentou uma taxa de crescimento de 38,73%. "Chama atenção, entretanto, que o número de novos pacientes vem reduzindo ano a ano, em uma proporção de 9,32%", acrescenta o relatório.

Tendo por base estes dados, o Ministério da Saúde concluiu que o início do tratamento é "tardio" e tem-se caracterizado por pessoas que chegam aos serviços de saúde apresentando "deficiência imunológica grave".

"Essa situação, entre os anos de 2003 e 2006, ocorreu em uma proporção de 43,7%, o que representa 50,3 mil, de um universo de 115,4 mil pessoas que iniciaram o seguimento clínico no período", diz o documento. Dos 50,3 mil pacientes que buscaram tratamento tardio, 14,4 mil morreram. O Ministério estima que, das 11 mil mortes anuais registradas por conta do vírus da Aids, 3,6 mil acontecem pela detecção tardia da doença.

Causas e recomendações

Segundo Mariângela Simão, o início tardio do tratamento pode ser provocado por fatores como dificuldade de acesso ao diagnóstico; de atendimento nos serviços, e, também, pela falta de percepção da população que não se vê em risco e que não busca o teste espontaneamente.

Ela recomendou que as pessoas usem camisinha e explicou que devem buscar o teste caso se coloquem em posição de risco, ou seja, façam sexo sem a proteção. "As pessoas têm que ter posição pró-ativa", disse ela, acrescentando que o profissional de Saúde também tem um papel importante na detecção da doença. Ou seja, deve indicar o teste caso perceba indicações.

Perfil

Segundo o Ministério da Saúde, o fato de ser mulher e jovem, indica a maior probabilidade de se chegar ao serviço para o início de tratamento de "forma oportuna", ou seja, pouco tempo após a doença ser detectada.

"Entre todos os grupos analisados, as pessoas entre 15 e 19 anos foram as que apresentaram a maior proporção de início de seguimento em momento oportuno, com uma taxa de 83,8%", diz o texto.

Por outro lado, os dados mostram que o "acesso tardio" aos serviços, caracterizado por um "comprometimento importante do quadro clínico e imunológico", ocorre com maior freqüência em pessoas do sexo masculino e com o aumento da idade.

"Pessoas com mais de 60 anos, por exemplo, apresentaram uma maior probabilidade de chegar tardiamente aos serviços na ordem de 6,95 vezes, quando comparados àqueles com idade entre 15 e 19 anos", concluiu o Ministério da Saúde.

Em relação às características geográficas, as maiores proporções de início de seguimento clínico tardio ocorreram nas regiões Norte (53,3%) e Centro-Oeste (46,7%) e nos municípios com menor população, especialmente abaixo de 500 mil habitantes, acrescenta o relatório Ungass.

Fonte: G1

Um comentário:

Anônimo disse...

Mtooooo bum!!!!

Precisava me inscrever neste feed... e é claro que o fiz!!

Parabéns!!