domingo, 17 de fevereiro de 2008

Tratamento contra Aids não atinge a todos e é tardio, diz Ministério da Saúde


De 2003 a 2006, 43,7% dos infectados chegaram ao SUS com deficiência grave.

Acesso tardio acontece com mais frequência em homens e com maior idade.

O Ministério da Saúde informou nesta quinta-feira (14), por meio de relatório de acompanhamento da Aids, que nem todos os portadores do vírus no Brasil buscam acesso ao tratamento médico e diz ainda que, entre aqueles que buscam, grande parte o faz de forma "tardia". O início tardio do tratamento dificulta a obtenção de sucesso no combate à doença.

O Ministério da Saúde informa também que o tratamento está disponível, mas admite que a realização dos testes anti-HIV, embora esteja crescendo como um todo, pode ser um pouco mais difícil em algumas regiões do país. "Há um esforço grande para facilitar o acesso aos testes", disse Mariângela Simão, diretora do Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde.

Números

Em 2006, o Ministério da Saúde estimou que 220 mil pacientes, acima de 15 anos de idade, estavam sendo acompanhados nos serviços públicos de saúde de todo o país, o equivalente a 36,67% da estimativa de 600 mil pessoas infectadas pelo HIV no Brasil (0,6% da população entre 15 e 49 anos). Os números estão no relatório "Ungass: resposta brasileira à epidemia de Aids 2005-2007".

Do universo de 220 mil pacientes em tratamento, segundo o governo, 187,2 mil (83,8%) estavam fazendo uso de medicamentos ARV [anti-retrovirais]. O número de novos pacientes acompanhados nos serviços de saúde, entre os anos de 2003 e 2006, apresentou uma taxa de crescimento de 38,73%. "Chama atenção, entretanto, que o número de novos pacientes vem reduzindo ano a ano, em uma proporção de 9,32%", acrescenta o relatório.

Tendo por base estes dados, o Ministério da Saúde concluiu que o início do tratamento é "tardio" e tem-se caracterizado por pessoas que chegam aos serviços de saúde apresentando "deficiência imunológica grave".

"Essa situação, entre os anos de 2003 e 2006, ocorreu em uma proporção de 43,7%, o que representa 50,3 mil, de um universo de 115,4 mil pessoas que iniciaram o seguimento clínico no período", diz o documento. Dos 50,3 mil pacientes que buscaram tratamento tardio, 14,4 mil morreram. O Ministério estima que, das 11 mil mortes anuais registradas por conta do vírus da Aids, 3,6 mil acontecem pela detecção tardia da doença.

Causas e recomendações

Segundo Mariângela Simão, o início tardio do tratamento pode ser provocado por fatores como dificuldade de acesso ao diagnóstico; de atendimento nos serviços, e, também, pela falta de percepção da população que não se vê em risco e que não busca o teste espontaneamente.

Ela recomendou que as pessoas usem camisinha e explicou que devem buscar o teste caso se coloquem em posição de risco, ou seja, façam sexo sem a proteção. "As pessoas têm que ter posição pró-ativa", disse ela, acrescentando que o profissional de Saúde também tem um papel importante na detecção da doença. Ou seja, deve indicar o teste caso perceba indicações.

Perfil

Segundo o Ministério da Saúde, o fato de ser mulher e jovem, indica a maior probabilidade de se chegar ao serviço para o início de tratamento de "forma oportuna", ou seja, pouco tempo após a doença ser detectada.

"Entre todos os grupos analisados, as pessoas entre 15 e 19 anos foram as que apresentaram a maior proporção de início de seguimento em momento oportuno, com uma taxa de 83,8%", diz o texto.

Por outro lado, os dados mostram que o "acesso tardio" aos serviços, caracterizado por um "comprometimento importante do quadro clínico e imunológico", ocorre com maior freqüência em pessoas do sexo masculino e com o aumento da idade.

"Pessoas com mais de 60 anos, por exemplo, apresentaram uma maior probabilidade de chegar tardiamente aos serviços na ordem de 6,95 vezes, quando comparados àqueles com idade entre 15 e 19 anos", concluiu o Ministério da Saúde.

Em relação às características geográficas, as maiores proporções de início de seguimento clínico tardio ocorreram nas regiões Norte (53,3%) e Centro-Oeste (46,7%) e nos municípios com menor população, especialmente abaixo de 500 mil habitantes, acrescenta o relatório Ungass.

Fonte: G1

Pesquisas apontam danos dos alimentos transgênicos à saúde

Três pesquisas demonstram os efeitos nocivos de transgênicos à saúde humana. O primeiro experimento, conduzido pela cientista russa Irina Ermakova, mostrou que um expressivo número de 55% dos descendentes de ratos alimentados com soja geneticamente modificadas morreram três semanas depois do seu nascimento, comparado com somente 9% do grupo alimentado com soja convencional. O segundo estudo, conduzido pela cientista italiana Manuela Malatesta, da Universidade de Pavia e Urbino, da Itália, atestou que ratos alimentados com soja geneticamente modificada tiveram uma lentidão do metabolismo celular e alterações no fígado e pâncreas. A terceira pesquisa, realizada pela Csiro, na Austrália, mostrou que a introdução de genes de uma variedade de feijão numa ervilha geneticamente modificada criou uma nova proteína que causou inflamação no tecido do pulmão de um rato. Tão sério foi o dano que a pesquisa foi interrompida e os estoques de ervilhas geneticamente modificadas foram destruídos.

Esses estudos, revelados na literatura científica mundial nessas últimas semanas, provocaram um alarme que foi difundido por todo o mundo, considerando que dois deles apontam que a soja geneticamente modificada pode ser muito perigosa para a alimentação humana e animal. Falando pela GM Free Cymru, Dr. Brian John declarou: "Nem o governo britânico nem a Comissão Européia podem fingir que os alimentos geneticamente modificados são inofensivos. Eles devem reconhecer que é tarefa legal deles proteger a população e consumidores".

"Do nosso ponto de vista eles já são culpados criminalmente de negligência e supressão de fatos. Eles não podem mais consentir transgênicos e esse tipo de alimento deve ser banido imediatamente, pelo menos até provarem através de pesquisas independentes em animais e humanos que os transgênicos não fazem mal à saúde. Mas nós já sabemos o suficiente para avaliar que isso jamais irá acontecer", afirmou John.

Fonte: AEN/Paraná 13/02

Filho homem eleva risco de depressão pós-parto, diz estudo

Pesquisa conclui que condição severa é mais comum entre mães de meninos.

Dar à luz meninos aumenta as chances das mães de sofrer uma depressão pós-parto severa, segundo um estudo da Universidade de Nancy, na França, publicado na revista especializada Journal of Clinical Nursing.

Os pesquisadores analisaram 181 mães e concluíram que 9% sofreram de depressão severa - três quartos delas deram à luz meninos.

O estudo sugere que relações ruins das mães com homens pode ser um fator da depressão, mas um especialista britânico afirma que, apesar de a conclusão ser interessante, pode ser apenas uma "peculiaridade estatística".

A depressão pós-parto é comum entre novas mães - um estudo recente concluiu que um terço das mulheres é afetado em algum nível.

Em algumas sociedades, a condição é ligada a ter filhas mulheres, por conta da preferência cultural por um filho homem, mas a idéia de que um bebê menino poderia exacerbar o problema é uma surpresa.

Qualidade de vida

As mulheres envolvidas responderam perguntas sobre áreas diferentes da saúde, inclusive sobre a forma física, dores e saúde mental e emocional.

Os pesquisadores, liderados por Claude de Tychey, concluíram que sete em cada dez mulheres que deram à luz meninos disseram ter qualidade de vida mais baixa em comparação com as mulheres que deram à luz meninas, independente de elas terem sofrido de depressão pós-parto.

Apesar de as mães de bebês meninas serem mais propensas a ter uma leve depressão pós-parto, entre as 17 mulheres diagnosticadas com depressão pós-parto severa, 13 tiveram bebês meninos.

Os pesquisadores não encontraram nenhuma evidência das razões por trás desta diferença e devem realizar novas pesquisas para investigá-las.

Mas o estudo sugere que pode haver diferenças psicológicas sutis nas atitudes de novas mães em relação às meninas e aos meninos que podem afetar seu estado emocional - particularmente se elas já têm tendência à depressão.

Legado

Os pesquisadores indicam que uma atitude negativa em relação aos filhos pode ser um legado de relações insatisfatórias com importantes figuras masculinas em suas vidas, como o pai ou o companheiro.

"A principal conclusão do estudo foi o fato de que o gênero parece ter um papel significativo na piora da qualidade de vida, bem como no aumento das chances de depressão pós-parto", disse Tychey.

"As mulheres tiveram o mesmo resultado, independente de este ser o primeiro ou o segundo filho", acrescentou.

O médico Cosmo Hallstrom, membro do Royal College of Psychiatrists, afirma, no entanto, que o número de mulheres com depressão severa é muito baixo para que se tirem conclusões firmes.
Segundo Hallstrom, o resultado das depressões severas ficou comprometido pela conclusão de que a maioria das mães com depressão leve provavelmente deu à luz meninas.

"É um assunto interessante, mas não estou totalmente convencido disso e gostaria de ver o resultado replicado em estudos maiores", afirmou Hallstrom. "É provavelmente uma peculiaridade estatística."

Fonte: BBC

Estresse pode aumentar risco de câncer de útero


O estresse pode aumentar o risco das mulheres desenvolverem câncer de útero sugere um estudo publicado na revista científica Annals of Behavioural Medicine. Segundo os cientistas do Fox Chase Cancer Centre, nos Estados Unidos, os sistema imunológico de mulheres que sofrem de estresse apresentam dificuldades de combater o vírus que causa a maioria dos tipos de câncer cervical.

A maioria dos casos de câncer de colo do útero é provocada por uma infecção causada pelo vírus HPV, sexualmente transmissível.

Estudos anteriores já haviam mostrado que a resposta do sistema imunológico das mulheres pode determinar o agravamento da infecção em um câncer no colo do útero.

Pesquisa

Para realizar o estudo, os cientistas fizeram um questionário para 78 mulheres que apresentaram anormalidades nos exames de colo de útero com perguntas sobre a rotina diária de estresse no mês anterior ao exame. O questionário também trazia perguntas sobre eventos importantes que poderiam contribuir para o estresse nas mulheres, como divórcios e outros incidentes.

Depois da análise, os cientistas mediram as reações do sistema imunológico das mulheres quando confrontado com o vírus HPV e compararam os resultados com os de 28 mulheres que haviam tido resultados normais nos exames de colo de útero.

Os resultados da pesquisa indicam que a reação do sistema imunológico das mulheres que tinham uma rotina diária de estresse era mais fraca do que nas mulheres que tinham uma vida mais tranqüila.

"As mulheres com alto nível de estresse têm uma resposta fraca ao HPV16. Isso significa que elas têm um risco maior de desenvolver câncer cervical porque o sistema imunológico não consegue combater os vírus que causam este tipo de câncer", afirma Carolyn Fang, que liderou o estudo.

Apesar dos resultados, o estudo não comprovou que o estresse pode ser a causa do câncer cervical. Os cientistas também admitem que, pela proporção do estudo, não é possível afirmar que o estresse prejudica o sistema imunológico ou é apenas um dos fatores para seu enfraquecimento.

Segundo um porta-voz da ONG Cancer Research UK, o estudo precisa de mais pesquisas para comprovar a relação do estresse com o câncer. "Nós sabemos que um resposta eficaz do sistema imunológico contra certos tipos de HPV podem prevenir o câncer cervical - isso ajudou o desenvolvimento de vacinas contra este vírus", afirma.

"Este estudo pequeno não traz provas suficientes para comprovar que uma vida estressante pode suprimir as reações do sistema imunológico. É preciso que os cientistas realizem mais pesquisas para determinar esta relação", afirma o porta-voz.

Fonte: BBC Brasil

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Cuidando do cuidador: percepções e concepções de auxiliares de enfermagem acerca do cuidado de si.


Cuidando do cuidador: percepções e concepções de auxiliares de enfermagem acerca do cuidado de si.

Ana Beatriz D. Vieira, Elioenai Dornelles Alves, Ivone Kamada.Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2007 Jan-Mar; 16(1): 15-25.(doi: 10.1590/S0104-07072007000100002) .

Resumo:

O estudo teve como objetivo identificar percepções e concepções dos(as) auxiliares de enfermagem do Hospital de Apoio de Brasília, acerca do cuidado de si. Trata-se de um estudo descritivo com abordagem qualitativa, tendo como referencial teórico o cuidado transpessoal de Jean Watson. Para a coleta de dados aplicamos instrumentos com questões fechadas e abertas, e oficinas lúdico-criativas, utilizando-se a releitura da obra "Abaporu", de Tarsila do Amaral. Da análise contínua dos dados emergiram categorias de significados que apontam os seguintes resultados: compreendem que o corpo seja visto para além dos cinco sentidos; enfatizam a existência da ligação corpo-mente-natureza; reconhecem o direito divino de ser cuidado e fazem a ligação do cuidado com a sua plenitude de ser e viver no mundo. Espera-se que este estudo possa contribuir para a conscientização da importância do cuidado de si para poder cuidar do outro, como um processo de internalização, em constante transformação.

Para ler o artigo completo em PDF, clique abaixo:

Retirado do blog Ciência Brasil: http://cienciabrasil.blogspot.com/

A enfermagem brasileira e a profissionalização de nível técnico: análise em retrospectiva


A enfermagem brasileira e a profissionalização de nível técnico: análise em retrospectiva

Leila B. D. Göttems, Elioenai D. Alves; Roseni R. de Sena.

Revista Latino-Americana de Enfermagemvol.15 no.5 Ribeirão Preto Sept./Oct. 2007.

Resumo: O artigo apresenta análise retrospectiva da trajetória percorrida pela enfermagem brasileira no processo de profissionalização dos trabalhadores de nível técnico e proporciona algumas pistas sobre os rumos do desenvolvimento profissional. A síntese da reflexão indica que a educação profissional de nível técnico na enfermagem, ao ocupar, ao longo de mais de quatro décadas, a agenda das políticas públicas, produziu acumulação intelectual e conceitual, servindo de referência para a formulação de novas ações voltadas para os demais profissionais de nível técnico que desenvolvem cuidados diretos à população. Indica, também, que, após o Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem (PROFAE), houve redesenho do problema da qualificação profissional da enfermagem, recolocando no debate a necessidade de melhorar a qualidade dos processos formativos e da oferta extensiva de formação continuada aos trabalhadores já inseridos no trabalho, para fazer as constantes mudanças no sistema de saúde brasileiro.

Para ler o artigo completo em PDF, clique abaixo:

Retirado do blog Ciência Brasil: http://cienciabrasil.blogspot.com/

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Cesariana aumenta risco de problemas de saúde para o bebê


O Brasil é um dos campeões em cesarianas desnecessárias, segundo a Organização Mundial da Saúde. Os bebês nascidos através de cesarianas precisam ser levados às unidades de terapia intensiva duas vezes mais freqüentemente do que os que nasceram de parto normal. Os bebês de cesarianas apresentam também duas vezes mais problemas respiratórios do que os de parto natural.

Esses foram os dados encontrados por uma pesquisa norueguesa, publicada na revista "Journal of Obstetrics and Gynecology". O trabalho acompanhou mais de 18 mil nascimentos, em um período de seis meses, em 24 unidades de saúde daquele país.

Segundo a OMS, um índice aceitável de cesarianas estaria entre 10% a 15% dos nascimentos. Em nosso país, segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar, 79% dos partos na medicina privada são cesarianas. No serviço público esse número é de 27%, ainda assim bem acima do ideal preconizado.

Segundo o Ministério da Saúde, de janeiro a outubro de 2007, o Sistema Único de Saúde registrou 559.501 cesarianas, com 40% ocorrendo na região Sudeste. No mesmo período foram 1.212.186 partos normais, o que significa que a taxa de cesarianas no serviço público brasileiro é de 46%, três vezes a ideal.

As cesarianas são procedimentos cirúrgicos que não são isentos de riscos e, como toda decisão médica, deveriam ser baseadas em critérios técnicos e nunca por comodidade, principal causa do excesso de cirurgias.

Outro aspecto que leva ao aumento de procura pela cesariana, especialmente nas classes mais abastadas, é idéia de se poder programar o nascimento dos filhos de acordo com critérios esotéricos, como a hora exata do nascimento.

A natureza não costuma gostar de ser enganada, mesmo com as melhores intenções do mundo.
Fonte: G1

Ansiedade materna pré-parto eleva o risco de transtornos do humor


A gestação e o nascimento de um bebê são fases de alegria para a maioria das mulheres, porém guardam uma importante carga de estresse. Neste período o apoio familiar e paterno são essenciais para o bom andamento da gravidez em curso, sem repercussões na saúde mental materna. Pesquisadores australianos da Macquarie University publicaram um estudo na revista Journal of Affetive Disorders onde avaliaram a ansiedade materna no período periparto.

Foram usados dois questionários no curso da pesquisa, denominados STAI e MINI-Plus, aplicados em 100 gestantes. Os resultados divulgados revelaram que a presença de sintomas ansiosos e depressivos na fase pré-parto guardou relação com sua persistência em níveis estáveis após o nascimento do bebê. Da mesma forma, o surgimento de outros transtornos de humor foi mais freqüente dentre as mulheres ansiosas no curso da gestação. A abordagem terapêutica dos transtornos depressivo e de ansiedade ainda na fase de gravidez culminou em redução do risco da ocorrência destes distúrbios após o parto.

Assim, os autores concluem que a ansiedade materna pré-parto é um marcador fidedigno de transtornos de humor e permanência de sintomas ansiosos após o nascimento da criança. A identificação precoce destes transtornos permite a instituição de terapia apropriada e prevenção de complicações pós-natais.

Fonte: Boa Saúde

Fatores de risco para a ansiedade materna pós-parto


O período de gravidez, parto e puerpério resulta em modificações corporais e psíquicas na mulher, as quais podem aumentar a chance de surgimento de conflitos e certas enfermidades. O aumento das demandas fisiológicas nesta fase da vida sobrecarrega os sistemas e órgãos, permitindo a manifestação de distúrbios latentes. Pesquisadores norte americanos da Universidade de Utah publicaram um estudo na revista General Hospital Psychiatry onde avaliaram os determinantes ambientais relacionados ao surgimento da ansiedade materna após o parto.

Participaram da pesquisa 422 mulheres internadas num hospital universitário para serem submetidas ao parto, as quais responderam a um questionário padronizado que envolvia a confecção de uma escala de ansiedade. Os resultados apresentados revelaram que fatores como eventos recentes na saúde geral, estresse psíquico, capacidade de extravasar a raiva e satisfação conjugal interferem na chance de desenvolvimento de sintomas de ansiedade pelas mães.

Dessa forma, conclui-se que determinantes ambientais exercem interferência significativa no risco de ocorrência de ansiedade materna após o nascimento da criança. Esta ansiedade merece ser precocemente identificada e tratada, a fim de se evitar prejuízos na relação materna com o recém-nascido e no contexto sócio-familiar.

Fonte: Boa Saúde

Pesquisa avalia motivos para a preferência por cesariana


“O Brasil é campeão do mundo em partos cesarianos”, afirma a epidemiologista Silvana Granado Nogueira da Gama, da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) da Fiocruz. Foi essa a constatação que motivou o trabalho de seu grupo de estudos na investigação dos fatores médicos, econômicos e culturais que levam às altas taxas de partos operatórios no país, sobretudo em serviços privados. O estudo foi composto de entrevistas e consultas aos prontuários de 437 grávidas atendidas em duas unidades do sistema de saúde complementar do Estado do Rio de Janeiro.

Para selecionar as instituições participantes, o critério foi, além do grande volume de partos, a clientela heterogênea das unidades, que atendem mulheres de diferentes classes sociais, faixas etárias e níveis de escolaridade. As entrevistas foram realizadas em 2006 e 2007 e abordaram todo o período de gestação das entrevistadas, questionando-as sobre sua preferência pelos tipos de parto no início e no final da gravidez, ambos posteriormente comparados ao tipo de parto efetivamente realizado.

Em relatório encaminhado à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a equipe da Fiocruz, que trabalhou em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, relatou que, embora 70% das gestantes não tenham manifestado preferência pela cesariana no início da gravidez, 90% delas tiveram esse tipo de parto. “Essas taxas não parecem se relacionar a fatores exclusivamente médicos, mas também a questões socioeconômicas e culturais”, explica Silvana. “Existe uma crença, principalmente nos níveis socioeconômicos mais elevados, de que a qualidade do atendimento obstétrico está associada à tecnologia utilizada no parto operatório”.

Segundo a pesquisa, entre os motivos para a opção pela cesariana estão o medo de sentir dor no parto normal – apesar da anestesia peridural e outros métodos não farmacológicos –, a preferência do parceiro, o histórico familiar, a experiência de partos anteriores e o desejo de ligar as trompas. Ao final da gestação, a porcentagem de mulheres que preferiam parto cesáreo dobrou em relação às preferências no estágio inicial da gravidez, atingindo 70% das entrevistadas. A justificativa para a mudança incluiu principalmente complicações como hipertensão, circular de cordão e alto peso do feto.

“Mesmo nesses casos, nem sempre a cesárea é indicada”, adverte a pesquisadora. Para detectar a real necessidade de parto operatório, os pesquisadores contaram com a avaliação independente de dois obstetras, que, caso divergissem, discutiam o caso para chegar a um consenso. A análise apontou que 91,8% das indicações de cesáreas foram inadequadas, de acordo com as observações no prontuário das pacientes.

Os resultados indicam que, na maioria das vezes, os médicos não buscam técnicas alternativas como fórceps e vácuo, cujo uso não foi relatado no estudo. “No mundo inteiro essas técnicas são utilizadas durante partos vaginais complicados e a ausência de parto instrumental no grupo estudado sugere uma opção dos profissionais da iniciativa privada pela cesariana”, interpreta a epidemiologista. “Por outro lado, o grande número de mulheres que buscam a cesariana para obter a laqueadura marca a necessidade de ampliar o acesso a outros métodos contraceptivos e à informação sobre outras formas desse procedimento”.

Outro dado observado foi o elevado índice de internações precoces das gestantes, o que ocasiona uma maior taxa de intervenções médicas. Em muitos casos, a cesariana foi feita sem tentativa de parto normal e apenas 8% das mulheres submetidas ao parto operatório haviam entrado em trabalho de parto. “Com a banalização da cesariana, as mulheres não estranham mais que os médicos indiquem tantas cirurgias e acabam abrindo mão de seu desejo inicial por um parto normal e concordando com a realização da mesma”, comenta.

A pesquisadora alerta ainda que a literatura médica assinala a possibilidade de complicações maternas e neonatais associadas à realização de cesarianas sem indicações obstétricas reais. A conscientização e maior informação das gestantes é estratégica para a reversão desse quadro e esta é a próximo etapa de pesquisa da equipe da Ensp, que iniciará um trabalho de incentivo ao parto normal em Belo Horizonte.

Fonte: Fiocruz

Aleitamento materno leva a melhor aceitação de frutas e vegetais


A adoção de hábitos alimentares saudáveis deve ser iniciada desde a tenra infância, uma vez que garante crescimento e desenvolvimento adequados. O consumo regular de frutas e vegetais proporciona o aporte de nutrientes, vitaminas e minerais essenciais para a harmonia do funcionamento corporal. Pesquisadores norte americanos do Monell Chemical Senses Center publicaram um estudo na revista Pediatrics onde observaram a influência do aleitamento materno e hábitos dietéticos da progenitora na aceitação de frutas e vegetais verdes pelas crianças com 4 a 8 meses de vida.

Participaram da pesquisa 45 infantes, sendo que 44% estavam sob aleitamento materno. Os resultados apresentados demonstraram que o aporte de calorias fornecido pelas frutas foi maior que o obtido pelos vegetais consumidos pelas crianças. Os infantes que recebiam leite materno como fonte alimentar apresentaram melhor aceitação das frutas e vegetais, sobretudo quando suas mães guardavam o hábito regular de ingestão destes alimentos.

Dessa forma, os autores concluem que o aleitamento materno confere uma vantagem inicial na aceitação de frutas e vegetais verdes pela criança, especialmente quando tais nutrientes são consumidos pela progenitora. O estímulo ao consumo de frutas e vegetais deve ser introduzido desde o início do desmame, independente da expressão facial da criança após ser lhe oferecidos tais alimentos.

Fonte: TERRA

Mulheres têm coluna mais curvada "para ajudar em gravidez", diz estudo


da BBC Brasil

As mulheres desenvolveram colunas vertebrais mais curvadas do que os homens para impedir que percam a estabilidade com o peso da gravidez, de acordo com pesquisadores americanos.

Segundo especialistas, sem a curvatura mais acentuada, as ancestrais dos seres humanos que caminhavam eretas não poderiam fugir de predadores durante a gestação.

Elas também teriam sofrido de fortes dores nas costas, disse o estudo, publicado na revista Nature.

A teoria ganhou mais peso quando a diferença entre as colunas de homens e mulheres foi identificada num fóssil de uma fêmea da espécie Australopithecus, que é um parente pré-histórico humano que viveu há cerca de dois milhões de anos.

"Sem a adaptação, a gravidez colocaria um peso maior nos músculos lombares, causando dores e fadiga consideráveis e possivelmente limitando a capacidade de colher alimentos e a habilidade de fugir de predadores", disse Liza Shapiro, antropóloga da Universidade de Harvard.

A transição para um andar mais erguido verticalmente foi uma das mudanças-chave na evolução do homem, mas teve uma conseqüência indesejável para mulheres grávidas.

Nos primatas, o feto fica confortavelmente apoiado no ventre, mas em seres humanos, ele fica mais à frente, deslocando o centro de gravidade e causando um desequilíbrio.

Tanto homens quanto mulheres têm uma curvatura na parte inferior da coluna, mas nas mulheres, de acordo com os pesquisadores, a curvatura se prolonga mais na coluna vertebral.

A diferença permite que as mulheres ajustem sua postura para se manter em equilíbrio e reduzir o desconforto causado por dores na parte mais baixa da espinha, mesmo nos últimos meses de gestação, quando o abdômen pode pesar quase 7 quilos mais do que o normal.

Médicos humanizam cesarianas para torná-las menos traumáticas


FLÁVIA MANTOVANI
da Folha de S.Paulo

A notícia de que sua primeira filha, Alyssa, teria de nascer por cesariana deixou a professora Kety Chen, 37, frustrada. Adepta do parto normal, ela havia escolhido um obstetra conhecido por fazer partos humanizados --o mesmo que acompanhara sua irmã em um parto domiciliar. "Tentei o parto natural até o último momento. Quando vi que não ia dar, fiquei triste", conta ela, que tinha placenta prévia (recobrindo o colo do útero) e um mioma na região.

Na sala de operações, no entanto, tudo foi feito para dar ao momento um caráter sublime, mais condizente com um nascimento do que com a frieza que normalmente impera em cirurgias. A luz foi apagada, ficando apenas um foco no abdômen --e evitando que fosse direto nos olhos do bebê. Entre os membros da equipe, não havia outras conversas --a única voz era a do obstetra narrando o que acontecia para a mãe.

O bebê foi retirado calmamente e de modo a simular as condições de um parto normal, com seu pulmão sendo comprimido de forma semelhante à que ocorre no canal vaginal --o que ajuda a eliminar o líquido amniótico.

Logo que Alyssa nasceu, o pano suspenso sobre um arco (campo cirúrgico), que separa a cabeça da paciente do resto do corpo, foi parcialmente rebaixado e a menina, com o cordão umbilical ainda pulsando, foi colocada em contato com a mãe. "Desabei a chorar", conta Kety.

Em seguida, em vez de ir direto para o berçário, a recém-nascida recebeu do pai o primeiro banho, em um mini-ofurô. Meia hora após sair da barriga, já estava mamando. "Foi tão tranqüilo... Há partos em que a criança nasce e fica berrando. Ela ficou em silêncio. Até hoje, com dois meses, é muito tranqüila", diz a mãe. O médico de Kety, o obstetra Jorge Kuhn, professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), diz que pequenos gestos, como enxugar a criança com suavidade e retirá-la aos poucos do útero podem tornar o parto menos traumático. "Na cesariana, o bebê passa do ambiente intra-uterino para o externo de forma muito brusca. Prefiro fazer o procedimento mais lentamente. Não é igual a um parto normal, que é o ideal, mas é possível simular as condições."

Cesariana natural

Na Inglaterra, o obstetra Nicholas Fisk ganhou recentemente os holofotes ao criar um procedimento batizado por ele de "cesariana natural". No método, o campo cirúrgico é rebaixado e a cabeceira da cama é levantada, para que a mãe veja o bebê saindo do útero.

Após a retirada da cabeça, o médico deixa a criança mais um tempo no ventre, para que seu peito seja apertado pelo útero e libere o líquido que entrou nos pulmões --é o que ele chama de reanimação fisiológica.

Ao nascer, o bebê vai para o peito da mãe. "Na cesárea convencional, ele vai imediatamente para o berço de reanimação para o pediatra dar a ele oxigênio, pesá-lo, colocar a identificação, fazer testes... Não há necessidade de fazer isso nessa hora", disse à Folha o médico, hoje diretor do Centro de Pesquisa Clínica da Universidade de Queensland, na Austrália. Ele ressalta que o método só pode ser usado em cesarianas de rotina, quando não há risco para a mãe e o bebê está bem.

Para Fisk, o conceito da "cesariana natural" deve ser dissociado do julgamento sobre se a cesárea é boa ou ruim. "É uma resposta ao fato de o índice de cesáreas estar muito alto. Do jeito como são feitas, é como se as mães estivessem tirando o apêndice, e não tendo um filho. Esforçamo-nos tanto para fazer as mulheres aproveitarem o parto vaginal, por que não fazemos com que elas aproveitem também as cesarianas?", questiona.

No Brasil, o obstetra Cláudio Basbaum, do Hospital São Luiz, em São Paulo, adota várias dessas práticas há mais de 30 anos. Pioneiro no país no parto Leboyer --criado pelo obstetra francês Frédérik Leboyer, partidário da filosofia do nascimento sem violência--, Basbaum diz que adaptou à cesariana os princípios aplicados pelo médico no parto normal. "Quis contemplar as mães e as crianças que estavam sendo alijadas de seus direitos de parir e de nascer de forma natural", diz.

Ele conta que retira a criança de forma progressiva e pausada: primeiro a cabeça, depois os ombros, em seguida o tronco, os quadris e as pernas. "No parto vaginal, as contrações fazem a expulsão fetal de forma paulatina. Na cesárea, é importante evitar a sensação de separação brusca, quando se faz uma tração da criança como um objeto, criando nela uma angústia pela perda brusca de limites." Segundo ele, assim os bebês choram menos, têm menos contraturas e ficam mais calmos. "Muitos dormem ao chegar nas minhas mãos."

Ele só discorda de que as mães queiram ver o bebê saindo do ventre. "Acho que é um ato cirúrgico impactante, que pode até quebrar a emoção." Para o obstetra Eduardo Cordioli, coordenador da maternidade do hospital Albert Einstein, em São Paulo, o principal problema está em rebaixar o campo cirúrgico. "Ele está lá para evitar infecções. A gente cobre a mãe para evitar, por exemplo, que ela tussa na cirurgia e contamine o corte."

Já o obstetra Carlos Roberto Borsatto, gestor do setor materno-infantil do Hospital Santa Catarina, em São Paulo, deixa a cobertura rebaixada. "Caso contrário, a paciente fica desconfortável, olha para o teto. É desigual: o pai circula e vê tudo e a mãe não vê nada."
Ele afirma que não há perigo de contaminação. "Há anos, quando o vilão do ato cirúrgico era a infecção, fazia sentido. Hoje todo hospital tem controle de infecção. O campo funciona mais como uma barreira mecânica, para a mãe não pôr a mão. Mas, como ela fica lúcida, é só conversar com ela. É desnecessário", afirma.

O obstetra Jorge Kuhn aplica o mesmo raciocínio a outro hábito que ele acha desnecessário: o de conter as mãos da mulher para ela não levar o braço ao local da cirurgia. "Busco deixar os braços livres. Como a mulher está consciente, basta explicar."

Paciente de Carlos Borsatto, a professora Cláudia Gabionetta, 39, gostou de ver a retirada do filho, Henrique, hoje com seis anos. "Ver o nenê saindo de dentro de você é uma emoção indescritível. A gente chora, ri, tudo ao mesmo tempo", conta. Grávida novamente de nove meses, ela quer tentar ter parto normal, mas, se não conseguir, vai repetir a experiência da cesariana humanizada. "Não puxam o bebê com rapidez, não cortam o cordão abruptamente, trazem o bebê rapidinho para mim... Não traumatiza."

Para o obstetra Thomas Gollop, também do Albert Einstein, a proposta de rebaixar o campo cirúrgico é interessante, mas não deveria virar um modismo. "Isso exige muito treino da equipe e cuidado da mãe para não colocar a mão por reflexo e contaminar a cirurgia. Uma solução intermediária seria usar uma câmera para a mãe acompanhar ao vivo", propõe.

Ana Cristina Duarte, doula (acompanhante de parto) do Gama (Grupo de Apoio à Maternidade Ativa), recorre à ajuda de um espelho. "Algumas mulheres não querem, mas, para a maioria, é interessante ver a cabecinha saindo. É a oportunidade de testemunhar o nascimento", diz ela, que não considera o termo cesariana "natural" adequado. "Poderia chamar de suave, doce... Mas é uma cirurgia. Natural não é."

Contato precoce

Das práticas citadas acima, uma unanimidade entre os médicos consultados é a importância da amamentação do bebê na primeira hora de vida. O colostro (primeiro leite da mãe) é rico em anticorpos, que ajudam a proteger o bebê de infecções. "Antes, a paciente olhava, passava a mão, tirava uma foto e a criança ia para o berçário. A família via o bebê antes da mãe. Hoje, a criança vai direto para o peito da mãe, ouve a voz dela, sente sua respiração. Estudos mostram que isso diminui o tempo de permanência no berçário, melhora a drenagem do leite da mama e reduz o índice de cólicas", afirma o obstetra Alberto d'Auria, coordenador da maternidade do Hospital São Luiz. Pesquisas mostram que o hábito ajuda ainda na criação do vínculo afetivo e facilita na recuperação da mulher.

Mãe de Constanza, 3, Lavínia, 2, e Martino, de seis meses, a professora de artes Gabriela de Laquila Quintale, 33, sentiu a diferença de ficar logo com o bebê. "Nos dois primeiros partos, eles deram aquela mostradinha básica, um beijinho no rosto e acabou. Só fui ver minhas filhas muito tempo depois. Já o Martino pôde mamar logo após nascer. Fiquei um tempão com ele no colo", diz.

Ela conta que, diferentemente do que ocorreu nos outros dois partos, o clima da sala de cirurgia foi leve, o que a ajudou a superar a frustração de não ter conseguido, mais uma vez, ter um parto normal. "Todo mundo ficou do meu lado, me explicou tudo, recebi massagem nas costas antes da anestesia. Não parece que é um açougue e vão te passar a faca. Até a recuperação foi tranqüila", conta. Já Kety Chen, a professora que passou pelo parto descrito no início do texto, diz que o pós-cirúrgico não foi nada fácil. "Tive uma recuperação considerada melhor do que a média e, mesmo assim, foi muito difícil. Não sei como há mulheres que optam por isso sem necessidade."

Brasil é campeão de cesarianas

No Brasil, é altíssimo o índice de cesarianas: 80% dos partos realizados via planos de saúde são feitos dessa maneira, o que torna o país, nesse setor, o campeão mundial na proporção de cesáreas. No sistema público de saúde nacional, o índice é bem mais baixo: 26%. Mesmo assim, está acima dos 15% recomendados pela OMS (Organização Mundial da Saúde).

No mês passado, a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) lançou um documento como parte de um movimento em favor do parto normal no qual ressalta que, quando feita sem uma indicação médica precisa, a cesariana aumenta os riscos de complicações e de morte para a mulher e para o recém-nascido. "Não raro, as cesarianas são agendadas antes de a mulher entrar em trabalho de parto, aumentando a chance de o bebê ser retirado do útero ainda prematuro, já que é impreciso o cálculo da idade gestacional feito antes do parto", afirma o texto.

Aleitamento materno confere aos bebês resistência à asma

Amamentar os bebês faz com que eles desenvolvam defesas que os protegem das alergias às substâncias presentes no ar que causam a asma, segundo um estudo publicado hoje pela revista "Nature".

O trabalho indica que se a mãe transmite através do leite os alergênicos que respira do ar - e que causariam a asma alérgica -, o sistema imunológico do bebê cria tolerância a essas substâncias.

Pesquisadores franceses, liderados por Valerie Julia, fizeram testes em filhotes de ratos de laboratório aos quais a mãe transmitia, através do leite, os alergênicos que ela mesma respirava.

O resultado foi que os filhotes desenvolveram resistência a essa substância sem que a mãe transmitisse imunoglobulinas, mas os pequenos ratos desenvolveram as defesas necessárias: um antígeno específico.

Os cientistas acreditam que a descoberta pode ser o primeiro passo para desenvolver novas estratégias que permitam evitar o surgimento de alergias.

A asma afeta cerca de 300 milhões de pessoas no mundo e se caracteriza pela obstrução das vias respiratórias quando se entra em contato com os alergênicos presentes no ar.

A disseminação da doença aumentou nas últimas décadas devido às mudanças sofridas pelo meio ambiente, principalmente a poluição atmosférica.

Fonte: EFE

Cesarianas podem levar a parto prematuro


O elevado número de cesarianas realizadas no Brasil tem causado um grave problema de saúde pública: muitos bebês prematuros em razão da antecipação do parto. A conclusão é do Ministério da Saúde, que estuda estratégias para a redução das intervenções cirúrgicas. Em 2005, 43% dos bebês brasileiros nasceram de partos cesarianos, o que colocou o País como líder neste tipo de parto. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a taxa de cesarianas considerada normal é até 15%.

"A maior dificuldade é convencer as pessoas de que estamos com um sério problema de saúde pública. A cesariana com data marcada com base na ultra-sonografia erra a idade do bebê em mais ou menos duas semanas. E o nascimento precoce não é indicado. Já no parto normal, a criança nasce na hora em que tem que nascer. A cesariana só deve ser indicada quando ela for realmente necessária", afirma a médica Daphne Rattner, técnica do ministério na área da saúde da mulher.

De acordo com o governo federal, a cesariana desnecessária está associada, no caso das mulheres, a lesões acidentais, reações à anestesia, infecções e hemorragias. Além do maior desconforto e da recuperação mais lenta e dolorosa. "As cesáreas eletivas ainda interferem na amamentação e no estabelecimento do vínculo afetivo do bebê com a mãe", explica Daphne. "As faculdades de medicina pararam de ensinar partos normais. A visão da obstetrícia passada hoje é cirúrgica. Tem hospital de faculdade em que o aluno não vê, não participa de parto normal", afirma a médica.

O maior problema está na rede particular. Segundo o ministério, se forem considerados apenas os partos realizados no Sistema Único de Saúde (SUS), a taxa de cesarianas em 2005 cai para 28,6%. Segundo pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que avaliou o prontuário de 437 grávidas em duas unidades particulares no Rio, 91,8% das indicações de cesáreas foram inadequadas. O trabalho revelou ainda que apenas 8% das mulheres submetidas a cirurgias haviam entrado em trabalho de parto.

"Com a banalização da cesariana, as mulheres não estranham mais que os médicos indiquem tantas cirurgias e acabam abrindo mão de seu desejo inicial por um parto normal", afirma a epidemiologista Silvana Nogueira da Gama, da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) da Fiocruz, que participou do trabalho.

Grávida de quatro meses, a estudante Suellen de Castro Vieira, 24 anos, ainda não decidiu entre parto normal ou cesariana. Ela admite ter medo de sentir dor em um parto normal. A estudante conta que seu médico já falou que a cesariana é melhor para o bebê.

"Acho que os médicos preferem cesariana porque é mais cômodo para eles. O médico não quer correr o risco de ter que sair de casa de madrugada porque a bolsa da paciente estourou. Tudo pode ser planejado", disse Suellen, acrescentando que seu médico foi taxativo. "Ele disse que seria cesariana. Mas ainda vou resolver".

A epidemiologista Silvana Nogueira da Gama, da Fiocruz, lembra que muitas pacientes erram ao pensar no que é um bom parto. "Existe uma crença de que a qualidade do atendimento obstétrico está ligada à tecnologia usada no parto operatório", explicou a médica.

Fonte: O Dia