domingo, 6 de janeiro de 2008

Vitamina E pode apresentar efeito antagônico na inflamação

Renata Fontoura
Reconhecida por sua propriedade antioxidante – que protege o organismo contra danos causados por compostos químicos reativos conhecidos como radicais livres –, a vitamina E foi alvo de um estudo da Fiocruz que procurou esclarecer seu potencial antiinflamatório. Conduzido por pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), o trabalho mostrou que a vitamina E inibe a atividade do receptor nuclear PPAR gama, envolvido no processo inflamatório de doenças como diabetes e arteriosclerose, inibindo a inflamação. Por outro lado, a pesquisa também apontou o papel antagônico da vitamina E em processos inflamatórios, demonstrando que a administração de uma dosagem mais alta, mas abaixo do limite de toxicidade, tem como conseqüência a piora do quadro clínico.





A nutricionista Bárbara Silva desenvolveu o estudo que apontou o efeito antagônico da vitamina E no processo inflamatório



“Utilizamos um modelo experimental em camundongos, no qual provocamos um processo inflamatório através do uso da estrutura de uma molécula presente em bactérias, chamada LPS. Avaliamos o efeito do tratamento com vitamina E neste modelo. Constatamos que uma dose de 40 microgramas por cavidade atua como antiinflamatória realmente. Mas, se a dose for aumentada para 120 microgramas por cavidade, a vitamina E tem atividade pró-inflamatória”, explica a nutricionista Bárbara D’Alegria Silva, que desenvolveu o tema durante sua tese de mestrado no Laboratório de Imunofarmacologia do IOC. “Não esperávamos por este resultado, já que a pesquisa foi iniciada com base em dados da literatura científica que apontavam somente o potencial antiinflamatório da vitamina E”.

Para a bióloga Adriana Ribeiro Silva, pesquisadora do Laboratório de Inflamação do IOC que orientou o trabalho em conjunto com o chefe do Laboratório de Imunofarmacologia, o pesquisador Hugo Caire, o estudo traz um alerta importante quanto ao uso da vitamina E. “O resultado chama atenção para o cuidado necessário em relação ao uso indiscriminado desta vitamina. As pessoas imaginam que quanto maior a dose, melhor o resultado. Constatamos o contrário e isso é importante também porque o ligante do PPAR gama é utilizado clinicamente e aceito comercialmente como um antidiabético”, enfatiza.

A recomendação é seguir com rigor a dosagem dos medicamentos prescritos pelo profissional de saúde. O próximo passo da pesquisa será investigar a atividade pró e antiinflamatória da vitamina E com foco na sepse, condição clínica que resulta da disseminação de bactérias a partir de um foco infeccioso e gera uma resposta inflamatória que pode acarretar o óbito.

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