sábado, 22 de dezembro de 2007

Samu ajuda a reduzir lotação nas emergências


O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) tem papel estratégico para a redução do número de pacientes nas emergências dos grandes hospitais públicos, a exemplo do Hospital da Restauração (HR) e do Getúlio Vargas (HGV), ambos no Recife. Pelo menos é o que aponta um estudo da Fiocruz Pernambuco, que analisou o atendimento deste tipo de serviço em Olinda, na Região Metropolitana da capital. Mais de 50% das 645 ocorrências externas registradas no município, no período da pesquisa, que foi de fevereiro a junho de 2006, foram resolvidas pelo Samu no local do chamado ou nos Serviços de Pronto Atendimento (SPAs) Adulto e Infantil locais. Desse percentual, 37,98% foram resolvidos pela própria equipe do serviço de urgência. Entre as causas externas, estão acidentes de transporte e agressões.

“Esse tipo de atendimento ajuda a ‘esvaziar’ as grandes emergências de casos que exigem apenas um curativo, por exemplo. Ou, em casos mais graves, pelo menos há uma triagem do médico dizendo que não há condições de resolver o problema naquela unidade de saúde de menor porte”, ressaltou o pesquisador Wayner Souza, orientador da monografia Um termômetro do Sistema Único em Saúde - O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu): análise do modelo em uma cidade do Nordeste brasileiro, da nutricionista Amanda Cabral, na Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva da Fiocruz Pernambuco.

O trabalho também traz dados importantes sobre os acidentes no município. Dos 460 casos registrados pelo Samu em Olinda, 280 foram relacionados ao trânsito e, desse total, 40% envolviam moto ou bicicleta, sobretudo nos bairros de Peixinhos e Bairro Novo. Essas ocorrências são mais acentuadas nos fins de semana. Nos chamados ao Samu por dia de semana a pesquisa revela que, se de segunda a quinta-feira a maioria dos atendimentos são de casos clínicos, principalmente os de hipertensão, com um pico de 68,3% dos atendimentos, contra 21,6% de causas externas (onde se encontram os acidentes), nos fins de semana, a situação praticamente se nivela: 50% são de causas clínicas e 41,8% de causas externas. Outros 8,2% destinam-se às remoções.

O detalhamento desses dados de Olinda foi possível porque a prefeitura instalou, em cada uma das cinco ambulâncias da cidade, um aparelho de GPS que alimenta o banco de dados da Secretaria de Saúde. A iniciativa é pioneira entre as cidades do Nordeste e o custo da instalação desses equipamentos é baixo, diante do resultado fornecido. “De um banco de dados como esse é possível extrair informações epidemiológicas que podem contribuir para ações preventivas elaboradas pela Secretaria de Saúde ou para intervenções na infra-estrutura da cidade, por parte da Secretaria de Planejamento”, detalha Amanda, ressaltando que a realização do estudo só foi possível devido à iniciativa da Secretaria de Saúde de Olinda.

Amanda submeterá um artigo sobre seu estudo para uma revista indexada nacional. Atualmente ela cursa o mestrado em saúde pública da Fiocruz, em que pretende estudar o perfil do Samu por um período de 12 meses para averiguar a sazonalidade e aprofundar os acidentes de transporte. O trabalho deve resultar em sua dissertação de mestrado, prevista para ser defendida em março de 2009.

Fonte: Fiocruz

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