segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Ministro nega epidemia de infecções por micobactérias


O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, negou nesta nesta quinta-feira (14) que o país enfrente uma epidemia de infecções hospitalares provocadas por Micobactérias de Crescimento Rápido. O contágio ocorre durante a realização de procedimentos cirúrgicos e pode provocar, por exemplo, cegueira, surdez e trombose.

Desde 2003, já ocorreram 2025 casos de infecções, além de mais três em investigação no momento, segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).“Não existe epidemia nenhuma. Existem casos isolados, em determinados estados e hospitais, que estão sendo analisados. Possivelmente, por não atenderam com rigor às exigências da legislação.”

Temporão avaliou que as normas estabelecidas pela Anvisa são “muito criteriosas” no que diz respeito aos procedimentos de desinfecção e esterilização de materiais usados em cirurgias, ao participar de entrevistas a emissoras de rádio durante o programa Bom Dia, Ministro.“A Anvisa está monitorando e já soltou um alerta nacional. É importante que as pessoas estejam conscientes e conversem com seus médicos sobre a qualidade do hospital onde pretendem fazer uma cirurgia eletiva, e [verifique] se a unidade cumpre com rigor as exigências legais.”

Na última segunda-feira (11), a Anvisa divulgou que pretende limitar o número de procedimentos cirúrgicos diários, especialmente os que usam pequenas câmeras de vídeo introduzidas nos pacientes. A medida deve ser adotada em todos os serviços de saúde do país para reduzir o número de infecções pós-cirúrgicas por Micobactéria de Crescimento Rápido, relacionadas a problemas na limpeza dos instrumentos. A finalidade é padronizar os procedimentos. Porém, ainda não há uma data definida.

De acordo com o órgão, a aparelhagem, até então, vinha sendo apenas desinfetada – procedimento que dura em torno de 30 minutos – e não esterilizada – procedimento recomendado e que dura cerca de 10 horas.

Em 72% dos casos registrados pela agência, a bactéria se desenvolveu após cirurgias abdominais, videolaparoscopia, redução de duodeno e retirada de lipomas – sempre em procedimentos que utilizam câmeras de vídeo ou aparelhagem similar. Não há registro de casos provocados por exames e procedimentos de diagnóstico.

A Anvisa também sugere que os serviços de saúde que optem por outras substâncias para esterilizar os equipamentos e não mais o glutaraldeído 2% (mais usado atualmente), porque a bactéria tem demonstrado resistência ao produto.

Fonte: JC Online

Crianças brasileiras são mais vulneráveis à toxoplasmose, diz estudo


Um estudo conduzido por uma equipe internacional de pesquisadores sugere que crianças brasileiras são mais vulneráveis à toxoplasmose do que as européias.

Pesquisadores, da Áustria, Brasil, Dinamarca, França, Itália, Polônia, Suécia e Grã-Bretanha, testaram os malefícios que a doença pode causar à visão de crianças do nascimento aos quatro anos de idade.

Os autores do estudo acreditam que as crianças brasileiras apresentem sintomas mais agressivos que porque o país abriga tipos mais virulentos do protozoário, raramente encontrados na Europa .

A toxoplasmose é causada pelo protozoário Toxoplasma gondii e pode ser transmitida da mãe para o feto, mas não de pessoa para pessoa.

A doença é contraída a partir da ingestão de água ou alimentos mal cozidos ou crus que contenham ovos do protozoário.

A infecção pode causar lesões no olho que afetam a visão.

Visão comprometida

Na pesquisa, coordenada por Ruth Gilbert, do Instituto da Saúde Infantil, do University College London, crianças com toxoplasmose congênita, isto é, que haviam contraído a doença ainda no útero, foram acompanhadas a partir da gestação ou logo após o parto.

O grupo descobriu que, no Brasil, as crianças tinham até cinco vezes mais chances de desenvolver lesões oculares aos 4 anos do que as européias.

Além de mais freqüentes, as lesões também eram mais sérias, comprometendo a visão de até 87% das crianças brasileiras analisadas, em comparação com 29% das européias.

Estudos anteriores já haviam constatado complicações mais severas entre crianças brasileiras com toxoplasmose do que entre as européias ou americanas.

O trabalho foi publicado na revista especializada PLoS Neglected Tropical Diseases.

Fonte: G1

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Enfermagem tem mais cursos fracos


Nove faculdades paranaenses da área tiveram nota baixa no Enade e passarão por avaliação do MEC

Os cursos de enfermagem foram os campeões em problemas entre as faculdades do Paraná avaliadas pelo Ministério da Educação. Dos 29 cursos do estado que tiveram nota 2 no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), divulgado pelo MEC, sete são para formação de enfermeiros. O Enade dá nota de 0 a 5 para as graduações, de acordo com o desempenho de seus alunos.

Quem tira nota até dois precisa passar por um monitoramento mais próximo do ministério. No total, um quinto das faculdades de enfermagem paranaenses precisará passar pela segunda fase de avaliação do ministério.

Todos os nove cursos de enfermagem que foram mal avaliados pelo MEC pertencem a instituições privadas de ensino. Na outra ponta do ranking, um único curso da área conseguiu nota máxima no Paraná: trata-se da faculdade de Enfermagem da Universidade Estadual de Londrina - uma insituição pública.
O dado é preocupante porque a maior parte dos enfermeiros formados no Paraná saem de faculdades particulares: há apenas cursos públicos no estado e cerca de 80% dos profissionais formados no Paraná se graduaram em faculdades e universidades privadas.

O resultado não se restringe aos cursos de enfermagem: o relatório do MEC divulgado nesta terça-feira em Brasília mostra o desempenho de cursos de três áreas do conhecimento: ciências da saúde, serviço social e ciências agrárias. Todos os sete cursos do Paraná que tiraram nota máxima são de instituições públicas de ensino – Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Universidade Estadual de Londrina (UEL), Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). Já entre os 29 cursos que tiraram a menor nota, apenas um está em universidade pública, que é o curso de Medicina da UEL. Todos os outros 28 são de instituições particulares.

Faculdades reclamam de alunos

Algumas instituições de ensino do Paraná afirmam que o mau desempenho de certos cursos no Enade se deve à falta de comprometimento dos estudantes com a prova. É o que diz o pró-reitor de graduação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Robert Carlisle Burnett. Segundo ele, o Enade só teria importância para os alunos se a nota pudesse ser colocada no verso do diploma ou no histórico escolar deles. “Sem isso, muitos estudantes fazem a prova sem comprometimento”, afirma. “Se os alunos não se comprometem, são eles que serão prejudicados. Por isso acredito que o MEC deveria exigir que a nota aparecesse no diploma e fosse cobrada pelas empresas”, diz.

Retirado do site:

Enfermeiros têm emprego garantido depois da faculdade, afirmam conselhos

Enfermeiros têm emprego garantido depois da faculdade, afirmam conselhos

Mariana Tramontina
Em São Paulo

A carreira de enfermeiro já não é mais considerada uma segunda opção para aqueles que não passaram no vestibular para medicina. E, para a doutora Almerinda Moreira, membro da Câmara Técnica de Assistência do Cofen (Conselho Federal de Enfermagem), esse aquecimento nos cursos superiores é bem-vindo, já que a área exige demanda e "o brasileiro, infelizmente, está muito doente".

O Cofen contabiliza, hoje, 155.444 enfermeiros no Brasil. A boa notícia é que, segundo Almerinda, não falta emprego para estes profissionais. "Há muitos campos disponíveis para trabalho que vão além do hospital, apesar de esse ser a área que mais absorve enfermeiros". Ela diz que a categoria está se qualificando cada vez mais, o que explica o crescimento destes cursos superiores. "Temos até pós-doutorado. Isso dá maior confiabilidade na carreira".

A doutora conta que a demanda de enfermeiros é grande no país e a grande quantidade de recém-formados não atrapalha os planos de quem busca uma vaga. Apesar disso, existem algumas concentrações. "São Paulo, por exemplo, está restringindo a entrada destes profissionais". Isso porque o Estado abriga 54.826 enfermeiros diplomados. "O que se procura nessa região, em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, são especializações". Como na maioria das profissões, Norte e Nordeste têm defasagem.

Maria Angélica Azevedo Rosin, chefe do departamento de fiscalização do Coren-SP (Conselho Regional de Enfermagem do Estado de São Paulo), diz que grande parte dos formandos de São Paulo migram para outros Estados e até para o exterior. "Aqui no Brasil temos essa mão-de-obra pronta para atendê-los. Em 2007, foram muitos enfermeiros para a Itália", conta.

Apesar de atraente, a profissão ainda não é bem remunerada. "Não existe um piso nacional para a categoria, então o salário depende de cada região. No Rio, varia entre R$ 800 e R$ 1.000. Em São Paulo, pode chegar a R$ 3.000".

Qualidade da mão-de-obra

As duas conselheiras concordam que a qualidade do serviço de um enfermeiro começa nos bancos da faculdade. Almerinda sustenta que o MEC deve ficar de olho, principalmente nas instituições privadas. "A gente ouve histórias de que algumas faculdades contratam professores titulados só para passar na avaliação e depois mandam embora. Isso faz a qualidade do ensino cair mesmo".

Para Maria Angélica, as instituições não atendem as competências previstas na educação profissional. "É uma profissão técnica, científica, teórica, mas tem a essência da prática". Assim como medicina e outros cursos da área de saúde, os alunos de enfermagem também precisam de campo para estudar. "Todas as escolas dependem do campo de estágio, que vai concretizar a profissão. Mas muitas vezes as faculdades não estão preparadas e nem têm laboratórios", diz Maria Angélica.

Segundo ela, os conselhos não têm ingerência sobre o ensino e só podem fiscalizar o exercício profissional. "O docente supervisiona os estágios dentro dos hospitais. Os conselhos verificam se há escolas, se estão realizando as atividades de acordo com a disciplina. Mas, nesse caso, é mais uma orientação da nossa parte".

Almerinda diz que é preocupante instituições com conceito insatisfatório, mas que o MEC deve supervisionar a saída de um aluno para o mercado profissional.

"É uma política do governo que todos os conselhos tenham uma prova como o exame da OAB [Ordem dos Advogados do Brasil, que autoriza bacharéis de direito exercerem a profissão de advogado]. Mas quem tem que dar o título é a universidade. Nosso papel é fiscalizar o exercício profissional".